Ronaldinho Gaúcho marcou época em quatro anos e meio como jogador do Barcelona. Mas, hoje, quem quiser comprar uma camisa da equipe com seu nome terá sérios problemas. Sua chuteira R10 é vendida com considerável desconto na loja oficial do clube. Depois de dois anos de polêmicas e dificuldades, o Barcelona vive um momento mágico - é líder do Campeonato Espanhol com 10 pontos de vantagem sobre o Sevilla, segundo colocado, e um dos favoritos para levar a Liga dos Campeões da Europa. Tudo isso sem o jogador que era considerado o maior astro da equipe em décadas.
Em Barcelona, a fase de sucesso do time já fez com que, em apenas seis meses, a torcida tenha se esquecido do brasileiro que hoje tenta se recuperar no Milan. Nos últimos anos, Ronaldinho Gaúcho havia se transformado na grande estrela do clube catalão e tido como o responsável por levar a equipe a vários títulos. Mas desde o segundo semestre de 2006 o brasileiro já não vinha rendendo bem e, na visão de funcionários e dirigentes do clube, começava a "contaminar" seus companheiros
A direção do Barça fez todo o possível para recuperar o ânimo do jogador, mas acabou sendo obrigada a negociar o craque com o Milan, que já o queria há algum tempo.
Por causa do contrato com a Nike, que também é patrocinadora do jogador, o Barcelona continua mantendo em sua loja visitada diariamente por milhares de pessoas uma foto gigante do meia-atacante. Mas apenas com o uniforme da seleção brasileira, também vestida pela marca norte-americana. Camisas do Barça com o nome de Ronaldinho, um produto que chegou aos quatro cantos do mundo, hoje somente são obtidas por encomendas especiais.
"Aqui ninguém sente mais falta de Ronaldinho", afirmou Juan Jose Martinez, um fanático torcedor. "Todos sabem que ele fez muito pela equipe. Mas, depois de ganhar tudo, perdeu a motivação e contaminou o restante do grupo", alertou. Santiago, que não perde um só jogo, se diz "aliviado" com a saída do atleta. "Havia uma obrigação de tê-lo em campo, mesmo que não jogasse nada", declarou o torcedor.
As festas promovidas por Ronaldinho durante dias de semana e o clima que causou na equipe passaram a fazer parte das lendas urbanas de Barcelona. Um jogador que ainda atua pelo clube, mas pediu anonimato, ainda contou à reportagem que as festas foram levadas até para as casas daqueles que tinham família. "Em um ano, oito deles se divorciaram", afirmou, pedindo anonimato.
O ex-técnico Frank Rijkaard, conhecido por saber muito de futebol, não conseguiu colocar um freio nos jogadores, e o presidente Joan Laporta quase perdeu a cabeça e o cargo. Mas, desde que o clube perdeu Ronaldinho, o time voltou a vencer, a encantar sua exigente torcida, e é favorito para todos os títulos em 2009.
A reportagem visitou os bastidores do clube para apurar o que ocorreu naqueles meses de crise entre Ronaldinho e o Barca, e como o clube, sem sua maior estrela, voltou a ser líder absoluto O segredo: voltar a dar motivação aos jogadores e, acima de tudo, premiar aqueles que trabalham para um time que tem como lema ser "mais que um clube", sem pôr em destaque um ou outro individualmente.
Para encabeçar essa reforma, o escolhido foi o técnico Josep Guardiola, que simbolizava o próprio espírito do clube, onde jogou como zagueiro e volante. Foi um dos astros de sua época e seu compromisso com o Barcelona era total. Conseguiu recuperar o moral da equipe, unir o grupo e, com muito treinamento, fazer o time jogar para vencer sempre.
"Guardiola mudou o Barcelona, sua chegada serviu para que a equipe melhorasse", afirma Messi, a nova estrela do clube. "Rijkaard também foi um grande treinador. A principal diferença foram os resultados. A equipe é quase a mesma que tínhamos nos dois últimos anos", constatou o argentino em entrevista dada nos últimos dias. De fato, a equipe é quase a mesma, excetuando-se a ausência de Ronaldinho e de Deco, que se transformou em um companheiro inseparável do brasileiro nas noitadas.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada
Deixe sua opinião