O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) prometeu recorrer à Justiça se Curitiba não figurar entre uma das 10 (ou 12) sedes brasileiras da Copa do Mundo de 2014. O parlamentar disse na última quarta-feira, em entrevista à rádio Banda B, que não aceita que o seu problema pessoal com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, afete a definição das cidades que receberão o Mundial daqui a seis anos. "Seria ridículo. O Ricardo Teixeira não tem autoridade política para tratar o futebol como sua fazenda, sua propriedade, tratando todos ao seu redor como seus capatazes. Não é assim que se dirige futebol. Ouvi que não é verdade, por isso não quero polemizar", declarou. "Mas se o presidente da CBF disser que a Copa não virá para Curitiba por culpa de pessoas que se opõem a ele, pelas falcatruas levantadas contra ele, então temos um problema sério", completou o senador.
A declaração de Álvaro Dias veio como resposta a declaração do presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Hélio Cury, à rádio Band News, na terça-feira. Na entrevista, o dirigente afirmou que Ricardo Teixeira ainda vê a candidatura de Curitiba para a Copa 2014 com ressalvas, principalmente pelo problema político com o senador paranaense.
"Ficou certa insatisfação de Ricardo Teixeira com aquela CPI. Vários Estados tiraram a assinatura e o Paraná não fez isso. Naquele momento político, com a definição da vinda da Copa para o Brasil, vários Estados interferiram por meio de governadores, de políticos em geral, para retirar assinaturas da CPI, e não houve isto no Paraná. Com relação ao senador Álvaro Dias, ficou certa mágoa, mas já havíamos conversado com ele (Teixeira) mostrando o posicionamento político do Estado, sobre as mudanças que vão acontecer em 2008 e 2010. Então, serão muitas passagens políticas até 2014. Senti que (a situação) amenizou bastante. É preciso trabalhar. Na parte política somos adversários de vários Estados, e cada um puxa a sardinha para o seu lado", comentou o presidente da FPF à rádio.
Procurado pela Gazeta do Povo Online, Hélio Cury disse que "considerou o assunto superado e disse que não comentará mais". Já a CBF, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que a escolha das sedes da Copa de 2014 será feita pela Fifa em março de 2009, levando em conta apenas critérios técnicos. Ricardo Teixeira compõe a comissão da entidade máxima do futebol que fará a escolha final das sedes.
Entenda o caso
Por ter atuado ativamente na CPI da Nike/CBF entre 2000 e 2001, o senador Álvaro Dias tornou-se desafeto declarado de Ricardo Teixeira, que tentou a todo custo abafar a comissão parlamentar que tentava encontrar irregularidades nos contratos entre a multinacional e a entidade máxima do futebol brasileiro. De lá para cá, o parlamentar também foi um dos que tentou tirar a CPI MSI/Corinthians do papel, em 2007, mas o presidente da CBF agiu nos bastidores para que o número mínimo de assinaturas para a abertura da investigação não fosse alcançado.
Considerada tecnicamente apta a ser escolhida como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, Curitiba esbarra desde o início da sua candidatura em disputas políticas e na falta de unidade. A primeira polêmica envolveu a disputa aberta entre o Atlético Paranaense e a FPF, no ano passado. Ambos queriam o direito de indicar o estádio (Arena da Baixada e Pinheirão, respectivamente) para receber a Copa. Por ser um projeto considerado "utópico", o Pinheirão logo foi descartado pelo governo estadual, que indicou o reduto atleticano.
Em todos os encontros entre representantes do Paraná com o presidente da CBF, ficou claro que o lobby do Estado é muito inferior em relação a outras candidaturas. Na definição pelo Brasil para sediar o Mundial, em cerimônia realizada na Suíça em 2007, o Paraná foi um dos poucos Estados que não enviou representantes. Amazonas e Rio de Janeiro foram representados de perto pelos seus governadores.
Sedes serão escolhidas em março de 2009
Curitiba concorre com outras 17 candidaturas para ser escolhida como sede na Copa de 2014. São elas: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Cuiabá, Campo Grande, Goiânia, Florianópolis, Rio Branco, Manaus, Belém, Salvador, Fortaleza, Maceió, Recife e Natal.
A princípio serão 10 sedes, e destas cinco são fortes candidatas São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Porto Alegre. Assim, as 13 restantes brigam pelas outras cinco vagas em aberto. Contudo, o comitê organizador brasileiro quer aumentar o número final para 12 sedes, e a Fifa já deu sinais de que o pedido pode ser atendido. Especula-se que as maiores adversárias da capital paranaense seriam Florianópolis, Cuiabá e as cidades do Nordeste.
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