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Há três anos Adriano abandonou a Itália, desprezou a camisa e as oportunidades oferecidas pela Internazionale, desapareceu por alguns dias, reaparecendo numa favela do Rio de Janeiro, onde declarou que se sentia infeliz em Milão e não pretendia voltar para lá. Adeus mocassins e passeios pela elegante Galeria Vittorio Emanuele; bom é caminhar descalço pelas ruas da "comunidade" empinando papagaio.

Riquelme rompeu com o Boca Juniors após a perda do título da Libertadores para o Corinthians, bateu boca com o onipresente Maradona e confirmou a fama de mais um craque-problema do futebol argentino.

Gentilmente trazido pelo amigo Eduardo Francisco Dreyer – o Gringo, ex-meia do Coritiba – li a última edição da revista El Gráfico na qual o ex-goleiro Hugo Gatti fez interessante abordagem sobre o caso: "Riquelme é um menino especial. Muita culpa disso tudo tem o jornalismo. A imprensa nos fazem ídolos, cremos que somos deus, mas somos seres humanos. Riquelme achou que era o dono do Boca. Nós, jogadores, jogamos futebol, nossa inteligência serve para isso. Quando os repórteres nos fazem pensar outra coisa, há uma confusão", disse. Para completar na transcrição literal: "La prensa convencio Riquelme de que fuera mejor que Maradona. Esto es ridículo. Por esto, el está no vacío".

Esta sentença vale para jogadores, atletas, ídolos, líderes, enfim, para qualquer pessoa que se imagina acima dos outros. Cada um na sua, para não sair da casinha.

O bom jogador nasce com o dom para aquela atividade e se perde facilmente quando se acha habilitado para outras funções. Daí, o sujeito não faz nem uma coisa nem outra. O exemplo atual é Neymar, endeusado por uma mídia generosa e ao mesmo tempo irresponsável, tem jogado menos do que pode e excedido nas incursões sociais. Outro dia ele escorregou e ficou deitado na bisonha cobrança de um pênalti. Imaginem se isso tivesse acontecido com Obina, Deivid, Liedson ou outro atacante menos paparicado pela imprensa?

Os mitos têm prazo de validade, pois quando deixam de marcar gols ou de encantar as multidões saem de cena, ficam fora dos holofotes e deixam de aparecer nos jornais. A única exceção é Pelé, reverência desde que se tornou Rei do futebol na Copa de 1958. Não passa um dia sem que se faça algum tipo de referencia a Pelé em jornais dos quatro cantos do planeta.

Os demais se embriagam pelo sucesso e, sobretudo, pelos rios de dinheiro que ganham e não se mostram preparados para encarar o fim da carreira e o inevitável ostracismo. Tentam sobreviver na ribalta, tornando-se técnicos, comentaristas ou empresários de jogadores. Porém, falta formação intelectual para a grande maioria.

Adriano voltou ao Flamengo. Será a última chance do imperador.

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