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Weggis, Suíça – Artur Silva Nascimento não dribla como Ronaldinho Gaúcho, está longe de ser um Kaká, tão pouco faz gols como Adriano e Ronaldo. Na verdade, ele mal sabe chutar uma bola. Parece até odiar futebol. Mas assim mesmo tornou-se peça essencial na engrenagem da seleção brasileira para a Copa da Alemanha.

Cozinheiro da equipe pentacampeã desde 2003, esse baiano de 52 anos terá a difícil missão de satisfazer o apetite e agradar ao paladar de 23 atletas. Veio do Brasil para a Suíça justamente para comandar a tarefa – tida como essencial nos longos períodos de concentração.

A partir de hoje, quando os jogadores desembarcam em Weggis, até 7 de junho, todo o cardápio já está traçado. São várias opções para agradar até os mais enjoados. "Apesar que não tem ninguém chato...", avisa o mestre-cuca.

Nesta noite, por exemplo, o jantar terá de entrada uma sopa de legumes. Em seguida virão as opções de salada. Por fim, filé mignon ao molho de champignon (ou frango à milanesa com purê de batata inglesa), arroz branco, feijão preto e espaguete à bolonhesa.

"Sigo apenas as orientações da nutricionista (Sílvia Ferreira, que está no Rio). Minha função seria apenas oferecer bons pratos com aqueles alimentos que são necessários para recuperar um esportista. Durante o Mundial, pretendo abusar dos legumes e frutas", antecipa.

Artur tem uma história curiosa até chegar à cozinha da seleção. Deixou a pequena Contenda do Sincorá, na Chapada Diamantina, e foi para a França. Corria o ano de 1980. Em Paris, ele se especializou em culinária. Depois foi até Marrocos, onde também adquiriu bagagem para incrementar seu repertório. Foi então contratado pelo Bordeaux, clube da 1.ª divisão francesa. Acabou conhecendo o mundo da bola e gente ligada à CBF.

"Fui indicado para trabalhar com a seleção. Aceitei na hora. Apesar de ainda ser autônomo como cozinheiro, produzindo jantares e almoços para políticos e atrizes da Europa, estou voltando para casa. Em setembro, eu pretendo montar um restaurante em Salvador – o Bistrô do Artur", diz.

No convívio com as estrelas do futebol, uma surpresa. "Pensei que eram celebridades... Fiquei encantado com a simplicidade desses meninos. Eles são muito simpáticos e educados", comenta, sem esquecer de um nome em especial. "O Ronaldinho Gaúcho é incrível. Está sempre sorrindo. É algo notável."

E o segredo para agradar aos 23 convocados e ajudar na conquista do hexa, está na ponta da língua. "Tem que ser um pouco doido, nordestino. E mudar as coisas. Inventar pratos novos. Variedade...", explica.

Durante a fase de preparação em Weggis, com a ajuda de intérprete, o chef contará com o auxílio dos funcionários do Park Hotel, a concentração da equipe, para administrar três das quatro refeições programadas por dia (somente não assumirá o café da manhã).

Entre as proibições costumeiras, Artur destaca a feijoada e o ovo frito – duas manias dos brasileiros. Já em relação à matéria-prima dos alimentos, parte dela foi trazida do Brasil. Feijão, farinha, carne seca e goiabada vieram sob encomenda. Ontem no início da tarde, houve também a entrega de 60 kg de picanha.

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