Atravessa o nosso país impressionante período de transição, com o risco de ver consagrada a frase lapidar do político e intelectual Roberto Campos: "A burrice no Brasil tem passado glorioso e futuro promissor". Se fosse apenas a burrice vá lá, mas se trata de grave crise pela falta de educação de grande parte da população, ausência de formação intelectual, falta de ética e de princípios comezinhos de moralidade e respeito. Dá a nítida impressão de que o país virou do avesso e vale tudo pelo poder, pelo dinheiro e pela vida fácil.
Mas ainda bem que tem muita gente com a cabeça no lugar e com sentimento de nacionalidade, tanto que nos bares e reuniões sociais tornaram-se comuns os embates entre os fãs do ministro Joaquim Barbosa e os defensores do ministro Ricardo Lewandowski, nas refregas durante o julgamento do mensalão. Jamais a Corte Suprema teve tamanha audiência na televisão o resultado final poderá indicar novos caminhos para o Judiciário brasileiro.
Claro que o insuportável horário político obrigatório no rádio e na televisão apenas robustece o nosso atraso mental, afinal campanha eleitoral deveria ser como nos países desenvolvidos, com divulgação e trabalhos organizados e pagos com os recursos obtidos pelos partidos. No dia da eleição, via de regra um dia útil na semana, o eleitor tem direito a se afastar do serviço por duas horas e ir votar, sendo o voto facultativo e não obrigatório como aqui. Ficaríamos livres desses enfadonhos programas eleitorais e dos cansativos e engessados debates entre candidatos para as eleições majoritárias. Os debates só ocorreriam quando provocassem o interesse público, sensibilizando as redes de televisão.
Com tanta chatice acontecendo ao mesmo tempo, o futebol apenas reflete o momento nacional, tanto que o baixo nível técnico dos campeonatos fez com que caísse o número de espectadores nos estádios e os índices de audiência da televisão. Para agravar o problema pela ausência de grandes jogadores, de técnicos criativos e gramados em boas condições, assistimos a esse verdadeiro caos na arbitragem.
O Corinthians foi o lesado da última rodada, mas como quase todas as equipes foram prejudicadas desde o início do campeonato por árbitros e bandeirinhas despreparados, está havendo certo equilíbrio nas reclamações e nos protestos. Só que os jogos estão sendo decididos mais por erros dos apitadores e seus auxiliares do que pelos jogadores. Esperava-se que com o fim do reinado de Ricardo Teixeira na CBF as coisas mudassem, mas não devemos nos iludir.
Não podemos considerar uma esperança de que a administração do futebol brasileiro seja profissionalizada, como é necessário que venha a sê-lo para que surjam novos árbitros e novos talentos nos times para que a seleção reconquiste o lugar de destaque perdido há alguns anos.