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O que já estava praticamente certo desde o fim de semana passado foi confirmado neste domingo. Após ter construído uma larga vantagem com a vitória de 3 a 1 na Vila Belmiro, o Corinthians poderia até perder por dois gols de diferença que ainda seria campeão. O Santos ameaçou, é verdade, saiu na frente do placar, mas não teve forças para ir além disso. O empate de 1 a 1 gols de Kléber Pereira (pênalti) e André Santos deu ao Timão o seu 26º título do Campeonato Paulista.
O Santos, precisando de três gols, partiu com tudo para cima. E assustou o Corinthians. A torcida do Timão, em esmagadora maioria no estádio do Pacaembu, chegou a ter momentos de aflição, apesar da enorme vantagem conseguida no primeiro jogo. Logo com 1 minuto de jogo, a bola caiu nos pés de Kléber Pereira, dentro da área. O atacante finalizou, mas foi travado pelo lateral Alessandro, que se atirou na sua frente.
O Corinthians, encurralado no seu campo, tinha dificuldade de conseguir ir ao ataque. A bola não saía do domínio santista e as investidas contra o gol de Felipe não paravam: de todos os lados, com quase todos os meias e atacantes. Aos 13, Paulo Henrique pegou rebote de escanteio, rolou para Germano que cruzou. Dois jogadores do Peixe estavam só esperando para concluir quando Alessandro, de novo, afastou o perigo logo depois de uma defesa parcial de Felipe.
O goleiro corintiano voltou a trabalhar aos 14 e aos 17. O Santos era pressão total. Aos 18, Madson invadiu a área e cruzou forte. Kléber Pereira se atirou no lance, tentando alcançar, mas chegou alguns centímetros atrasado. A pequena torcida do Peixe se animava. Aos 22, Kléber acertou a finalização, mas Felipe defendeu. Quatro minutos depois, eles se encontrariam novamente. Lançado, o atacante tentou driblar o arqueiro e foi derrubado: pênalti.
Neste instante, o técnico da seleção brasileira, Dunga, que era esperado desde o início do jogo, acabava de chegar à tribuna de honra da Prefeitura. E ele teve tempo de assistir Kléber Pereira ajeitar a bola, tomar distancia, correr e estufar a rede do Timão aos 28 minutos.
O 1 a 0 no placar aliado ao melhor futebol fez alguns torcedores do Peixe buscarem forças no passado. Em 1995, quando precisou fazer uma diferença de três gols no Fluminense para ir à decisão do Campeonato Brasileiro, aquele time liderado por Giovanni começou a goleada de 5 a 2 exatamente num pênalti cobrado pelo então camisa 10 no mesmo gol do portão de entrada do Pacaembu. Será?
Só esqueceram de avisar André Santos. Numa das primeiras investidas do Corinthians, aos 33, Dentinho rolou para o lateral-esquerdo que encheu o pé e empatou o jogo. A Fiel, que parecia assustada, respirou aliviada.
Durante o primeiro tempo, o árbitro Sálvio Spinola Fagundes Filho teve de pedir para a bola ser trocada duas vezes. Na primeira, ele interrompeu um ataque do Timão. Na segunda, acabou gerando um princípio de confusão entre Domingos e Ronaldo. O Fenômeno tocou a bola para fora, para a substituição, e queria que o Santos devolvesse. Como não houve a devolução, ele reclamou. Na saída para o intervalo, o zagueiro e o atacante bateram boca. Domingos reclamou de ter sido chamado de "mau-caráter" e foi cobrar o Fenômeno:
- Pode falar comigo, mas não encosta em mim - esquivou-se Ronaldo.
Na volta do intervalo, Kléber Pereira e Neymar subiram dos vestiários com chuteiras novas. Mas a pontaria não melhorou e os dois atacantes continuaram devendo. O camisa 9 perdeu mais um gol, quando demorou para concluir e deixou Alessandro o desarmar. O camisa 7, completamente apagado na decisão, acabaria substituído aos 15 minutos por Maikon Leite.
O Santos não conseguiu repetir o ritmo do começo do jogo. A posse de bola, que antes era só do Peixe, já ficava mais dividida. Com ela nos pés, os jogadores do Timão arrancavam gritos de olé das arquibancadas. Aos poucos, os torcedores começavam a acreditar que o título já tinha dono. Aos 34, os primeiros gritos de "é campeão".
As alterações de Vagner Mancini não surtiram efeito. Além de Molina, entraram Róbson e Molina. O Peixe estava entregue. Nos minutos finais, praticamente nenhuma chance de gol dos dois lados. O Corinthians tocava a bola, fazia o tempo passar e irritava o adversário. Domingos, que de tanto bater já poderia ter sido expulso, foi receber o cartão vermelho nos minutos finais, ao derrubar Ronaldo.
Em reconhecimento, a torcida do Santos gritava o nome do time. E a do Corinthians explodia com gritos de "é festa, é festa na favela" e "ôôô, o Coringão voltou". Há 37 anos que o Paulistão não tinha um campeão invicto. Desde 1972, quando o Palmeiras levantou a taça sem perder um jogo, ninguém mais tinha conseguido isso. O Timão conseguiu: 23 partidas, 13 vitórias e dez empates.
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