Simoni Valente Ribeiro trabalhou de 1995 a 2000 na Unipar, em Londrina, ao lado da treinadora Barbara Lafrancchi, que saiu da equipe após a Olimpíada de Atenas 2004 devido a um racha com a CBG.
Ao vir morar em Curitiba, procurou um local para a filha Ana Luiza treinar ginástica. Saiu da Associação Água Verde com a matrícula da menina e um convite para ser treinadora, pois os pais conheciam o seu trabalho.
O espaço era pequeno e ela acabou transferindo os treinos para a Vila Guaíra. Simoni então decidiu oferecer o esporte à comunidade. Foi nas escolas, divulgou na região e no dia do teste 616 meninas estavam atrás de uma vaga. Cinquenta foram selecionadas. "Minha filosofia é o esporte de rendimento. As meninas querem competir e não apenas fazer apresentações", defende.
As dificuldades sempre foram grandes. "O primeiro tapete (onde as ginastas treinam) compramos com prestações a perder de vista. Depois, tivemos de deixar o espaço que treinávamos, numa quadra de grama sintética, porque o Coxa fez um contrato milionário pelo local. Fomos para a faculdade Santa Cruz e a sala que usávamos virou biblioteca", relembra. Até na própria casa de Simoni as meninas já treinaram.
Há três anos, o projeto foi acolhido pela Igreja Nossa Senhora da Conceição, na Vila Fanny. A associação paga R$ 1 mil de aluguel e outras despesas e conta com o auxílio da comunidade. "As mães vêm aqui bordar colant, fazer comida, quando treinamos o dia inteiro", conta.
Além do esforço de cada dia, a Aginarc ainda enfrenta infortúnios como o furto dos dois aparelhos de som usados para os treinos e um computador durante o feriado de fim de ano. "O local não é ideal, nem bonito, a altura do ginásio é baixa, mas é aqui que fazemos campeãs", se orgulha ao mesmo tempo que cobra apoio.
"Aqui em Curitiba é muito difícil. Não consigo entender o que são R$ 5 mil, R$ 10 mil para uma empresa ajudar um projeto e ainda descontar o valor do imposto de renda."
A associação ignora as adversidade e se prepara para realizar mais uma clínica internacional. Nos dias 26, 27 e 28 a escola, que virou referência, receberá atletas e técnicos de quatro países, na quarta edição do evento, que começou com 25 participantes e este ano terá 150 pessoas. (ALM)
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