Provocações
A rivalidade de torcedores continua. O presidente do Atlético, Marcos Malucelli, faz questão de provar isso. "Moramos todos na mesma cidade, não tem sentido a gente não se falar, não trocar idéias. Isso não impede que a gente brinque e queira derrotar os rivais. Eu cheguei no Coritiba ontem e avisei: Viemos aqui para começar a carimbar o centenário de vocês. Este ano vocês vão passar em branco", diverte-se.
Marcos Hauer, do Coritiba afirmou que um novo encontro pode acontecer em breve. Mas, espera um "algo mais" do rival. "Nós já nos convidamos para um almoço lá na churrascaria da Arena, que dizem ser muito boa", brincou.
Torcedores de Atlético Paranaense, Coritiba e Paraná Clube podem estar prestes a testemunhar um momento histórico. Duas visitas cordiais solicitadas pelo rubro-negro às diretorias dos coirmãos nesta terça-feira (20) podem significar o início de uma união inédita. O estreitamento de relações poderá, no futuro, segundo avaliação dos dirigentes, elevar o futebol do estado a um patamar que atinja um nível de representatividade e respeitabilidade nunca vistos.
Depois de anos de rivalidade que extrapolou os gramados e foi sentida em cheio nos bastidores das três equipes - em uma autofagia preocupante o trio-de-ferro está voltando. "Foi um encontro histórico", resumiu o presidente do Conselho Administrativo do Furacão, Marcos Malucelli. "Nós temos que ir para a porrada juntos. Assim seremos mais ouvidos e respeitados", disparou o vice-presidente Coxa, Marcos Hauer. "Estamos abertos a toda idéia que venha a fortalecer o futebol do nosso estado", concluiu Aurival Correia, presidente do Paraná.
Em entrevistas à Gazeta do Povo Online, representantes dos três clubes afinaram o discurso e deixaram claro que o futuro apresenta um panorama animador. "Foi uma conversa interessante. Falamos de futebol e da importância de nos fortalecermos. Hoje não temos força no cenário nacional, pois perdemos espaço para os cariocas, paulistas, mineiros, gaúchos e até para os nordestinos, que não têm muitos representantes na elite do futebol. Temos que mudar isso", disse Malucelli.
De acordo com Marcos Hauer, a rivalidade que existia nos bastidores só fez mal aos clubes paranaenses. "Era burrice demais", disse. "No futebol carioca, por exemplo, eles se digladiam em campo, mas, nos bastidores, as articulações são intensas e ocorrem todos os dias. Essa autofagia que caracteriza o estado do Paraná tem que mudar. No campo, vamos brigar contra todos, mas para o futebol nacional temos que nos abraçar e lutar juntos", acrescentou.
Para o presidente do Paraná Clube, quando um dos times chamar o outro, solicitando algum tipo de ajuda, a resposta tem que ser positiva. "Se houver algo a se fazer para nos ajudarmos, uns aos outros, nós faremos. Estamos, assim, fortalecendo o nosso futebol e todos ganham com isso. Ano passado, por exemplo, precisamos de jogadores e o Atlético nos ajudou", disse Aurival.
Benefícios
Os primeiros resultados dessa aproximação entre diretorias ainda não têm prazo para aparecer, mas idéias começam a surgir. "Basicamente foi um estreitamento de relações, mas já estamos prevendo um cruzamento nas nossas estratégias de marketing para começarmos a brigar juntos pelo bem do nosso futebol", garantiu Hauer.
Uma das metas do trio-de-ferro é melhorar a representatividade dos times dentro do próprio estado do Paraná. "Temos um problema de penetração no interior do Paraná e nós podemos mudar isso", disse Malucelli, fazendo referência à pesquisa encomendada pela Gazeta do Povo, que apontou o Corinthians como a maior torcida do Estado.
Se o relacionamento das diretorias fosse bom em anos anteriores, por exemplo, a final da Copa Libertadores de América de 2004 disputada entre São Paulo e Atlético Paranaense poderia ter sido disputada no Couto Pereira. Na ocasião, o estádio atleticano não tinha capacidade suficiente prevista no regulamento do campeonato e o Furacão teve que mandar o jogo no Beira-Rio, em Porto Alegre.
Atitude das diretorias cativou torcedores
Os torcedores do trio-de-ferro foram chamados a interagir com a GPOL nesta terça-feira para falar sobre a reunião das diretorias dos rivais curitibanos. A resposta, na maioria dos casos, foi positiva.
Para o leitor Demian Dutra Goetzke, a união dos clubes é a saída para os times do Paraná. Mas, depois de elogiar o trio-de-ferro, ele critica o J.Malucelli, quarto clube de Curitiba, que assinou uma parceria com o Corinthians Paulista. "Certamente uma atitude louvável. Há anos estamos andando para trás no futebol em nível nacional e já chegou a hora de deixarmos um pouco a rivalidade de lado para trabalharmos em apoio ao futebol paranaense. Porém é inadmissível que o J.Malluceli queira virar Corinthians. Chegou a hora de bater de frente com o futebol paulista", disse o torcedor.
A tendência é que a força dos clubes aumente e, segundo o leitor Paulo Cesar Rink, também deve aumentar a capacidade dos times em segurar suas revelações. "Esse é o caminho. É triste ver nossos jogadores saindo de graça pra outros times e nós só aplaudindo. Temos que ter orgulho de nossa terra, assim como os gaúchos têm da deles. Fortalecer nossa cultura, valorizar nossa brava gente. É lamentável todo dia termos que assistir noticiários dos times de fora e dos nossos nada. Que esse encontro possa marcar uma virada e que a imprensa paranaense entre nessa luta. Que honra ter nascido nesse querido Estado".
"Felizmente é a atitude mais sensata dos últimos anos no futebol paranaense. Nosso futebol esta do jeito que está justamente por esta briga pequena e insensata dos grandes clubes do Paraná. Somente com ações conjuntas iremos conseguir fortalecer o nosso futebol e colocá-lo no lugar que merece, emparelhando com MG e RS, como as grandes forças do Brasil", argumentou o leitor Leandro Tapira.
Por outro lado, alguns torcedores entraram na rivalidade das arquibancadas e se mostraram desconfiados com a aproximação dos clubes. Alguns suspeitam sobre uma possível fusão e outros falam até em teoria da conspiração para um clube prejudicar o outro. Mas, no geral, a notícia agradou à maioria.
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