Em sua maioria com camisas e camisetas alviverdes, não de organizada, torcedores do Coritiba deram apoio ao clube em crise| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

"Jamais, jamais, verás em mim fraqueza. Na alegria ou na tristeza. Estarei com o meu Verdão". Nos versos de uma de suas músicas – não por acaso, cantada o tempo inteiro durante o evento –, o resumo do abraço simbólico dado pela torcida do Coritiba ao Estádio Couto Pereira, ontem à tarde.

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Uma semana após a selvageria que marcou o rebaixamento do clube à Segunda Divisão, cerca de mil coritibanos se mobilizaram para mostrar sua verdadeira face. E o que se viu foram homens, mulheres e crianças unidas por amor ao Coxa.

"Aqueles idiotas que invadiram o campo e agrediram as pessoas não nos representam. Somos uma torcida de paz", afirma João Peixoto Silveira, 67 anos, frequentador assíduo do Alto da Glória desde os anos sessenta.

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"A gente vem sempre para torcer. Fiquei muito chateado. Não é legal estragar a própria casa", diz Leonardo Henrique da Silva, 9 anos, que esteve ao lado do pai Marcelo, do irmão Theodoro, do tio Gabriel e da prima Regiane.

Marcado inicialmente para às 17 horas, foi preciso esperar um pouco para abraçar o Couto. Mas não muito. Cerca de 40 minutos depois, foi possível, ao comando de um carro de som e, depois de alguns discursos, cercar completamente a casa alviverde.

Quase não se via pessoas com adereços de torcidas organizadas – a imensa maioria vestia a camisa do Coritiba. Um dia antes, a polícia prendeu mais 15 suspeitos (totalizando 17 detidos) da quebradeira após o jogo com o Fluminense, e interditou a sede da Império Alvi­­verde.

Ontem, por outro lado, não foi necessária segurança nenhuma. Nem mesmo o comparecimento da polícia, que marcou presença apenas rapidamente, quando uma viatura do Choque foi e voltou pela Rua Mauá.

Momento de devoção ao Coxa, a manifestação foi marcada também pela coleta de assinaturas de sócios para reformular as eleições do clube. A iniciativa é de um grupo de torcedores que pretende tornar direta (com voto dos associados) a escolha do G9 e do Conselho Fiscal alviverde –atualmente, eles votam no Conselho Deliberativo e este elege os outros dois grupos.

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"Não é um movimento de determinado partido político, não estamos agitando. Estamos mostrando a nossa insatisfação e entendemos que há uma via legal para mudar essa situação", diz Percy Goralewski, 32 anos, advogado, um dos líderes do movimento.

Até ontem, foram coletadas cerca de 400 assinaturas de titulares do plano "Sou Sócio, Sou Coxa", que têm direito a voto. A intenção do grupo é chegar a mil, número que superaria um quinto dos sócios, marca necessária para a convocação de uma assembleia extraordinária, de acordo com o artigo 45 do Estatuto coritibano.

"O quanto antes isso acontecer, melhor. Queremos que seja antes da quarta-feira (dia 16), que é o prazo para a inscriação de chapas para a eleição do G9", diz Goralewski. O pleito no Coritiba estava marcado para hoje, mas foi adiado para o próximo dia 21.

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