Voltando a nossa conversinha de segunda-feira, o futebol está longe de ser uma ciência exata e, como toda atividade lúdica, reserva surpresas. Não existe time vencedor de véspera, e se não lutar não vence. Pois não deu outra na partida de ontem, quando a torcida atleticana esperava nova vitória para remeter o time à disputa do título e teve de se contentar com um sofrido empate.
O Atlético não apresentou a mesma concentração e aplicação da partida anterior, ofereceu muitos espaços ao esforçado adversário e ficou devendo uma boa atuação. O América, de Natal, dentro das suas possibilidades, equilibrou as ações, acertou uma bola na trave e empatou sem dar chance de troco ao Furacão, que voltou a perder pontos em casa.
O sistema defensivo armado pelo técnico Roberto Fernandes funcionou a contento, pois diminuiu a faixa de manobras do adversário e foi favorecido pela má performance do meio de campo, particularmente do volante João Paulo, que errou quantidade excessiva de passes, logo ele que vinha com excelente média de atuações.
O técnico Ricardo Drubscky procurou mudar o perfil do time, mas não contou com uma jornada inspirada da maioria e teve de se contentar com o inesperado resultado de igualdade.
A calorosa torcida atleticana terá de esperar um pouquinho mais para comemorar oficialmente o retorno à Série A.
Reverência
Um dos momentos mais bonitos da temporada aconteceu na partida de sábado, na goleada do Santos sobre o Cruzeiro, em Belo Horizonte, quando a torcida mineira rendeu-se ao enorme talento do jovem Neymar e não se cansou de aplaudi-lo. Humildemente o craque agradeceu a gentileza, fazendo reverência para as arquibancadas.
Como se trata de coisa rara no grosseiro futebol brasileiro, fortemente contaminado pela agressividade das torcidas organizadas e dos dirigentes vaidosos que não aceitam críticas, a manifestação partindo de torcida rival representou um alento.
Significou tremendo avanço na cordialidade e boa educação que se espera do nosso povo na recepção de milhares de torcedores e turistas nas Copas das Confederações e do Mundo, além da Olimpíada, em 2016.
Trapalhadas
Para quem gosta de trapalhadas, mistificações, remendos e ações autoritárias, a decisão do STJD Superior Tribunal de Justiça Desportiva de acatar o pedido de impugnação proposto pelo Palmeiras no jogo em que foi derrotado pelo Internacional, tem sido uma inspiração.
Se os auditores decidirem pela anulação da partida, esquecendo de que só podem apreciar dúvidas de direito, entrando no mérito de julgar fatos ocorridos no campo de jogo durante os 90 minutos regulamentares mais os acréscimos de praxe, estarão dando passo definitivo para transformar o STJD em tribunal de opereta.