A campanha que está levando o Atlético de volta à Série A derruba algumas verdades absolutas do futebol. A primeira é de que as lideranças de um elenco precisam, necessariamente, estar em campo para exercer sua influência. Sentados no banco de reservas, Luiz Alberto, Derley e Wellington Saci foram tão imprescindíveis quanto Marcelo, Elias, Manoel e Cléberson, titulares incontestáveis da equipe.

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Outra é que o craque do time precisa jogar sempre. Paulo Baier é o grande nome desse Atlético. Esteve em campo o tempo possível, muitas vezes fazendo o que parecia impossível. Nunca escondeu que gostaria de atuar mais, o que não o impediu de aceitar o papel de 12.º jogador. Também cai por terra a tese de que para se dar bem na Série B um time precisa ser acima de tudo aguerrido, distribuir uma boa dose de pontapés e ter um poste lá na frente para aproveitar bolas cruzadas. O Atlético – a exemplo de Goiás e Vitória – subirá porque joga um bom futebol e se impõe perante os adversários pela qualidade técnica e tática. Algo que ficou evidente, por exemplo, nos triunfos mais difíceis dessa caminhada, sobre Vitória e São Caetano, como visitante.

Por tudo isso, é pouco crível que o Atlético não seja capaz de percorrer o curto caminho entre o acesso moral, obtido no sábado, e o matemático, que pode vir na sexta-feira, em Arapiraca. Para o jogo de hoje, contra o América de Natal, se não bastassem a confiança adquirida pelo triunfo de sábado, a superioridade técnica e o apoio da torcida, o Furacão ainda terá fresca na memória a lembrança do jogo contra o Guarani, em que uma atuação ruim acabou anulando o triunfo espetacular do Barradão. O raio não cairá pela segunda vez no mesmo lugar.

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Clássico

Atlético e Paraná farão o último jogo da Série B no Ecoestádio. Diante das possibilidades, é a opção menos ruim e perigosa. Levar o jogo para Paranaguá ou qualquer cidade do interior, além de inibir a presença de público, traria consigo o risco de problemas na estrada. Porém, um cenário em que a melhor opção para jogar um clássico é um estádio para 10 mil pessoas só pode estar errado.

Em um futebol minimamente racional, esse jogo seria no Couto Pereira. Não só esse, como todos os Atletibas que forem jogados no Paranaense do ano que vem. No caso dos Atletibas, com estádio dividido e renda dividida.

Se você é coxa ou atleticano, certamente já está com um punhado de argumentos para me convencer de que a culpa é do rival. Não percam seu tempo buscando fatos remotos – na última vez que tratei do assunto, houve quem identificasse a origem da animosidade lá no comecinho dos anos 90. Pouco importa quem começou. O que importa é quem vai tomar a iniciativa de acabar com essa infantilidade perigosa. E que os outros lados se empenhem para buscar a melhor solução para todos, sem querer bancar o malandrão que leva vantagem em tudo. E que a polícia atenda à responsabilidade que assumiu de manter um Janguito seguro com duas torcidas rivais.

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  • Reencontro com a história
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