O Atlético pode voltar hoje à elite do futebol brasileiro, o que seria bem melhor do que passar por uma nova batalha autofágica no sábado que vem. Quem não se lembra do Atletiba do ano passado, quando na última rodada da Série A os dois morreram abraçados – o Rubro-Negro caindo para a Segunda Divisão e o Coritiba ficando sem a Libertadores? O clássico com o Paraná não teria a semelhança daquele Atletiba, mas poderia lembrar.

CARREGANDO :)

Claro que no futebol a rivalidade promove felicidade para um diante da desgraça do outro. É natural e até faz parte do cotidiano o gostinho sádico pelo fracasso do adversário. Existe, porém, um abismo de diferença entre o choque direto e aquele onde o seu time não participa e nada interfere no êxito ou fracasso do rival. Aqui na cidade que ficou estereotipada por este sentimento absurdo da autofagia, mais ainda. Dia desses conversava com um torcedor do Coritiba que me dizia: "A razão me faz torcer para que o Atlético volte para a Série A, mas o meu lado emocional, não". A recíproca seria a mesma.

O desgosto e o pesar pela felicidade do outro está impregnada no ser humano. Em alguns, ela aparece muito forte; em outros, nem tanto. Raríssimos são aqueles que desfrutam de uma felicidade sincera em compactuar com o prazer e a alegria do outro. Não só no futebol, mas em tudo. Quando alguém compartilha o fato de ter sido afortunado – ganhou na mega-sena, por exemplo – vai receber do outro um sorriso amarelo que camufla o sentimento verdadeiro: "bem que podia ter acontecido comigo".

Publicidade

Somos na maioria assim. Temos dificuldade, infelizmente, em elaborar que o bom tenha acontecido ao outro. Falta-nos abrir espaço e compartilhar o prazer do outro, o que nos faria um bem danado, facilitando o crescimento e o bem-estar. Em todos os sentidos.

Voltando ao futebol, a tendência entre as partes piora quando de quem mais se espera serenidade e diplomacia, no caso o presidente de um clube, este faz o jogo inverso: do rancor, da provocação e da arrogância. O que induz os incautos a generalizar seu ódio pelo adversário como um todo. São atitudes impróprias de quem está no comando. Como estiveram Eurico Miranda, Onaireves Moura e Ricardo Teixeira.

A tirania de Petraglia contra colegas da Gazeta e de outros órgãos de imprensa, e a truculência usada para calar companheiros do próprio clube quando dele discordam, não pode nem deve atrapalhar o retorno do Atlético à divisão principal. O Atlético é uma instituição acima de Petraglia e de quem quer que seja.

Coxas e paranistas, fazendo uso da razão e da grandeza dos seus diretores e simpatizantes, devem compartilhar o prazer da reconquista atleticana que poderá vir na tarde de hoje. Além de um bom exercício para o crescimento interno de cada um, será ótimo para o futebol paranaense.

"Apesar de você amanhã há de ser outro dia..." (Chico Buarque)

Publicidade
Veja também
  • Corrija, se for o caso
  • As carpideiras
  • Superação