Próximo ao término da graduação, os alunos começam a refletir qual rumo darão as suas carreiras. Entre as opções está a vida acadêmica, que apesar de exigir bastante tempo e disciplina, pode oferecer várias oportunidades de crescimento profissional e pessoal.
De acordo com dados do Censo da Educação Superior 2015, divulgados em 2016 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a carreira acadêmica tem crescido no Brasil. O número de professores com doutorado e mestrado no ensino superior aumentou em comparação a 2014. São 142 mil doutores, 8 mil a mais que os 134 mil no ano anterior ao levantamento (2014) e 154 mil professores mestres, comparados aos 150 mil de 2014.
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O caminho, assim como o ingresso no mercado de trabalho, pode não ser simples, mas se a escolha for baseada em planejamento ela renderá bons frutos. A jornalista Daniela Neves trabalhava na editoria política e sentiu necessidade de saber mais sobre a área. “Procurei uma especialização, que me levou ao mestrado e ao doutorado. Hoje sou professora universitária e atuo na vida acadêmica”, conta Daniela, que é doutoranda em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestre em Ciência Política, com especialização em Sociologia Política.
Grandes oportunidades
Quando Adriano Massuda entrou na faculdade de Medicina, pensava em ser ortopedista igual ao pai. Porém, no decorrer do curso, percebeu grande identificação com as questões sociais na área da saúde e buscou outras especialidades. Massuda é médico sanitarista, professor na UFPR, mestre e doutor em Saúde Coletiva pela Universidade de Campinas (Unicamp) e também assumiu cargos públicos durante sua trajetória, que colaboraram para sua formação acadêmica.
Atualmente, ele desfruta da oportunidade de ser pesquisador-visitante na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. “Tenho tido o privilégio de conviver com professores, pesquisadores e estudantes de alto nível acadêmico, de várias regiões do mundo, o que permite estudar realidades de diferentes países, ampliar referências teóricas e conhecer métodos sofisticados de análises”, afirma.
A jornalista Daniela Neves também está próxima a viver uma experiência de estudar no exterior, graças às chances que carreira acadêmica proporcionou. “Recebi uma bolsa para ser pesquisadora visitante na Tulane University (EUA, New Orleans). Vou ficar seis meses, a partir de novembro. É uma oportunidade que dificilmente conseguiria se não fosse a vida acadêmica porque o custo é bem alto”, comemora.
Maioria desiste sem tentar
Apesar do crescimento pela busca da carreira acadêmica, esta opção ainda é vista por muitos profissionais como um caminho difícil a se seguir. Eliane Rose Maio, psicóloga, mestre em Psicologia, doutora e pós-doutora em Educação Escolar e professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), explica que apesar de desafiadora, não há nada de impossível na carreira acadêmica. “Tudo o que se quer, tem que se tentar. Sempre digo uma frase, que é meio senso comum: o não você já tem, corra atrás do sim. Atualmente se pedem muitos títulos para que se esteja na docência. São processos de ensino exaustivos, porém importantes para quem almeja ministrar aulas”, reforça.
As exigências para ingressar na carreira, além de necessárias como bagagem, também são importantes para selecionar os candidatos a futuros professores. Portanto, de acordo com Daniela, ao optar por essa carreira é necessário estar ciente de que será preciso estudar muito. “Se não tiver um conhecimento mínimo é passado para trás, já que a disputa é grande. É preciso ter planejamento”, conta.
Por isso, decidir investir na academia envolve tempo e dedicação. São muitas as horas disponibilizadas para as pesquisas, artigos, preparação de aula. Mas as vitórias e ensinamentos podem ser incalculáveis. “No Brasil a carreira ainda é mais difícil, mas não inalcançável! Nos últimos 15 anos o acesso à universidade ampliou substancialmente. A produção científica brasileira se desenvolveu e temos instituições de pesquisa internacionalmente reconhecidas. A descoberta da associação da zika com a microcefalia, para citar um exemplo recente, foi feita por pesquisadores brasileiros”, destaca Adriano Massuda.