Economia colaborativa é ter uma visão e uma ação mais sustentável para as demandas e necessidades do dia a dia, aproveitando melhor os recursos disponíveis e usando-os de formas diferentes. Acredito que este tema tem mais a ver com que problema eu preciso resolver, do que o que eu preciso ter.
A capacidade que há na resolução de problemas quando muitas pessoas se unem é um assunto que sempre chamou minha atenção. Eu comecei a observar isso no ensino médio, no colégio agrícola onde estudei. O colégio fazia parte de uma cooperativa e eu me pegava avaliando como eles conseguiam ter bons insumos, tecnologia e até investimentos pelo fato de dividirem tudo entre vários produtores. Isso tornava os processos mais baratos e acessíveis a todos e dava a eles competitividade. Nesse colégio também havia produção de diversos insumos em setores diferentes, como agricultura, criação de aves etc. Como eles tinham poucos funcionários, os próprios alunos acabavam ajudando nesses processos e aprendiam na prática como tudo funcionava. Sempre achei esse lugar e a direção das atividades um ótimo caso de economia colaborativa. Depois de compreender o impacto positivo de colaborar, a gente incorpora isso de diversas maneiras e levei o aprendizado para a minha vida.
Diante disso, atuar de forma colaborativa foi algo natural para mim. Me formei em veterinária e abri um hotel para cães em 2008. Mas, em 2013, um cliente trouxe uma nova demanda. Ele perdeu seu pet e pediu para que eu ajudasse a divulgar fotos para tentar encontrá-lo. Eu não quis misturar com a página do meu estabelecimento e criei uma página chamada Cães Achados & Perdidos. Além de publicar a foto desse animalzinho perdido, passei a fotografar as fotos de cartazes em bancas e espaços públicos da cidade. Comecei a divulgar na página todos os animais perdidos pela cidade. Em pouco tempo, o negócio tomou uma grande proporção, com engajamento de famílias inteiras, grupos de apoio etc. Contei com amigas que se tornaram moderadoras e colaboraram com o conteúdo. Tudo ali era colaboração. Seja para tentar divulgar ao máximo o pet que se perdeu, seja para encontrar e devolver para as famílias.
Em maio de 2016 já tínhamos mais de dois mil pets que voltaram para casa graças a colaboração dessas pessoas. Também direcionamos muitos para adoção. Algo tão simples, de fácil mecânica e que funcionou muito bem.
Percebi que as pessoas não precisaram deixar de ser quem são, mudar de trabalho. A colaboração tem esse formato mesmo. No nosso caso, elas fazem parte de uma causa nobre, algo traz uma sensação de pertencimento.
Atualmente estou a frente da Puppyfi - Helping pets around the world, uma outra startup, que veio dessa causa do Cães Achados & Perdido. A rede se estendeu, avançamos para o Brasil e outros países, como Portugal, México e Espanha. Criamos uma rede social para essas pessoas interessadas nas causas de pets, tanto para localizar animais perdidos, quanto para adotar e até doar recursos para quem se mobiliza a acolher. São mais de 45 mil pessoas ativas e mais de 3500 cães que reencontraram seus lares.
Impactar de forma positiva
Depois que você vê que é possível impactar de forma positiva as pessoas, fica quase impossível trabalhar em outro formato. Acredito que estamos precisando de transformação. Primeiro pela questão de sustentabilidade. O mundo está super populado, os recursos são escassos. É importante aproveitar melhor o que temos, redistribuir. Acredito em projetos que exercitem a consciência sobre o que você, enquanto indivíduo, interfere no ambiente de todas as formas, seja profissional, social, emocional, espiritual etc. e tente melhorar. Acho que esse é o desafio! Ter um mundo melhor será consequência direta das nossas atitudes e das nossas próprias responsabilidades.