Quando foi chamada para transformar uma ampla área social de 225 m² de um apartamento no Jardim Europa, em São Paulo, a arquiteta Bárbara Jalles Guimarães teve dois desafios. O primeiro foi colocar as ideias em prática totalmente sem reforma, mantendo o projeto e a arquitetura que já eram as do imóvel. O segundo foi distribuir de maneira harmônica um rico acervo de obras de arte da cliente, a diretora-geral do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Patricia Cardim.


O resultado, depois de cerca de 10 meses de trabalho, foi um ambiente com muita cor, elementos e detalhes: maximalista, mas sem ser over, o que era uma preocupação de Bárbara. “Queríamos pincelar esses artistas e designers no projeto, mas sem pesar no ambiente”, diz.

Uma dessas peças de designers renomados é o carrinho Teca, de Jader Almeida. Acima dele, na parede, um quadro do artista Luiz Escañuela, que é ex-aluno da Belas Artes e nova aposta nas artes visuais, fecha um dos ambientes da sala que, mesmo sendo integrada, se “divide” em um mundo masculino e outro feminino, explica Bárbara.

Por isso, os tons de cor de rosa e verde celadon presentes em alguns mobiliários, peças e detalhes se misturam com ambientes como o do bar, que traz tons terrosos, o verde-musgo e o laranja, além da marcenaria (que já fazia parte do apartamento). O ambiente também é repleto de móveis e objetos garimpados em antiquários, como um aparador no estilo Luís XVI, em pátina, com tampo de mármore.

A cor rosa foi um pedido específico da cliente: e para não tornar tudo monocromático, a arquiteta trabalhou em cima de diferentes tons; inclusive na mesa de centro em acrílico rosa, desenhada pelo escritório da arquiteta para a cliente. Mas há um cantinho 100% na cor, com sofá em veludo rosa (o móvel foi reformado com tecido garimpado em viagem), abajur e vasos garimpados em antiquário. Completa o espaço uma obra de arte em neon do artista Alê Jordão.

Vários itens da ampla sala foram formulados com exclusividade, como o tapete executado pela loja Punto Filo, que dá a ideia de uma grande forma geométrica, e inclui tons de rosa, vinho, verde e terrosos. A mesa de jantar em latão e com tampo de vidro serigrafado tem ares de obra de arte e também é uma criação do escritório Bárbara Jalles; a leveza do móvel contrasta com as cadeiras roxas em veludo que, de acordo com ela, trazem um peso interessante à área. “A cliente adora receber e o feedback que temos é que a sala é muito usada e vivida. A integração de ambientes funciona de uma forma muito legal”, salienta a arquiteta.
Proteção para quem chega

O hall de entrada é um ponto alto do local: a arquitetura com o chão em preto e branco já existia. O destaque foi inserir um altar com imagens de santos. “Ela é católica e a família também. Colocar essas imagens logo na entrada é uma proteção para receber quem está chegando ou saindo. Colocamos as imagens em cima de uma peça bacana para ficar leve e funcional”, frisa Bárbara. A escolha foi por uma cômoda em osso da loja Maria Pia.

“O apartamento já trazia muitos pontos fortes, com peças de antiquário e outras especiais e únicas. Nos nossos projetos, de forma geral, o objetivo é enaltecer as peças que os clientes adquirem ao longo da vida, trabalhar com reformas e adaptações. Trazer a essência do cliente”, salienta a arquiteta.