Se você nasceu até por volta dos anos 2000, é muito provável que, pelo menos uma vez, tenha utilizado ou apenas visto um orelhão pelas ruas brasileiras. Hoje praticamente extinto da cena urbana, o mobiliário completa 50 anos de sua criação em 2021 conectando gerações de brasileiros e deixando sua marca na história do design mundial.
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Ela se dá, por óbvio, pela forma um tanto inusitada da cabine que protegia os aparelhos, até então fixados em paredes de farmácias, bares e outros tipos de estabelecimentos. Assinados pela arquiteta sino-brasileira Chu Ming Silveira (falecida em 1997), que à época chefiava o departamento de projetos da Companhia Telefônica Brasileira (CTB), os desenhos eram três: Orelinha (para ambientes fechados), Concha (para espaços semi-abertos, como postos de combustível) e Orelhão (para ambientes abertos), e respondiam aos problemas de proteção, acústica e adequação às condições ambientais dos locais onde as peças eram instaladas.
![Orelhão instalado nas ruas de São Paulo, em 1973.](https://static.revistahaus.com.br/revistahaus/2021/06/07183423/orelhao-ming-chu-silveira-divulgacao-1.jpg)
O primeiro protótipo, batizado oficialmente Chu I, em homenagem a sua criadora, mas popularmente conhecido como Orelinha, foi feito em acrílico de 6 mm de espessura em 1971, um ano após sua criação. O modelo foi colocado em teste no edifício-sede da antiga Companhia Telefônica Brasileira (CTB), no centro de São Paulo. O projeto do modelo Concha data do mesmo período.
![Projeto do orelhão, por Chu Ming Silveira.](https://static.revistahaus.com.br/revistahaus/2021/06/07183424/orelhao-ming-chu-silveira-divulgacao-2.jpg)
Já o Chu II, conhecido como o tradicional Orelhão, foi desenvolvido com base no Orelhinha e dispensou a transparência possível aos modelos anteriores como forma de garantir mais privacidade ao usuário. Ele também incorporou a fibra de vidro como material, por ser mais forte, leve e resistente.
Em janeiro do ano seguinte, em 1972, os Orelhões foram inaugurados nas cidades do Rio de Janeiro, no dia 20, e de São Paulo, cinco dias depois. Em 1973, por sua vez, iniciou-se à exportação dos Orelhões brasileiros, primeiramente para Moçambique. O modelo de Ming Silveira inspirou, ainda, projetos em outros países da África, como Angola, da América Latina, entre eles Perú, Colômbia e Paraguai, e na China, graças ao conforto que proporcionava às conversas telefônicas profissionais e pessoais -- em tempos nos quais nem todos dispunham de linha telefônica própria --, decorrente da sua forma inspirada no ovo, "a melhor forma acústica", segundo sua idealizadora.
![A arquiteta Chu Ming Silveira, criadora do Orelhão.](https://static.revistahaus.com.br/revistahaus/2021/06/07183422/orelhao-ming-chu-silveira-divulgacao.jpg)
Caindo nas graças dos usuários, não demorou para que a população tratasse de acrescentar apelidos à lista de como o protetor para telefones públicos Chu II passou a ser conhecido, como Tulipa, Capacete de Astronauta e, claro, o icônico Orelhão.