Uma sucessão de lojas que oferecem uma infinidade de produtos e serviços. Assim pode ser descrita a Rua Francisco Derosso, um dos principais eixos de ligação na região sul de Curitiba que, com 6,6 quilômetros de extensão, corta os bairros Xaxim, Boqueirão e Alto Boqueirão, começando na Linha Verde e terminando no limite de Curitiba com São José dos Pinhais.
Caminho do sul
Dados apontam que a via que conhecemos hoje como a Rua Francisco Derosso já foi um antigo caminho que ligava Curitiba a São José dos Pinhais – atualmente, a via termina no limite com o município vizinho e é cortada pela linha férrea. O caminho teria atraído os primeiros habitantes da região do Xaxim, constituída basicamente por índios e caboclos que se fixaram nas suas proximidades. No início do século 20, a região passou a receber imigrantes italianos, poloneses e alemães (menonitas).
O cenário da via, no entanto, nem sempre foi tal qual o conhecemos. Antigo endereço que abrigava pequenas chácaras, a rua foi se modificando e recebendo novos usos com o passar das décadas, como lembra Luiz Carlos Borges da Silva, vice-presidente de Planejamento do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR).
Proprietário de uma imobiliária na região há 30 anos, ele aponta a década de 1980 como o marco de início das transformações do endereço, momento no qual os bairros cortados pela Derosso teriam passado a ser reconhecidos como parte integrante de Curitiba. “Antes desta década, a BR-116 [atual Linha Verde] era vista como um muro. Depois dele, era como se existisse uma outra cidade’, conta.
Tradição familiar
Francisco Derosso foi agricultor e exerceu diversas outras atividades. O sólido patrimônio que conquistou permitiu que ele realizasse doações nos setores educacional e religioso, visando o bem-estar dos moradores do Xaxim, bairro ao qual a história de sua família está muito ligada. Falecido em 31 de julho de 1962, o agricultor é avô do ex-vereador João Cláudio Derosso e empresta seu nome à esta importante via da região sul de Curitiba desde 1963.
A chegada do setor bancário e os investimentos realizados pelo município visando o crescimento da cidade para a região sul – tendo em vista sua proximidade com São José dos Pinhais e Fazenda Rio Grande – estimularam a valorização e a ocupação da Derosso, de acordo com Silva. Com elas, as antigas chácaras deram lugar às casas e aos condomínios horizontais, e mais recentemente a alguns poucos empreendimentos verticais, que resistem frente à intensa exploração comercial da via.
O maior desenvolvimento, e o consequente aumento do fluxo de pessoas e de veículos, funciona como uma espécie de retroalimentação da veia comercial da Derosso, na opinião do empresário José Roberto Jahn. Dono de uma bicicletaria no endereço há mais de duas décadas, ele conta que já viu muitas famílias se mudarem em decorrência do barulho e do movimento da via, fazendo com que as casas deixassem de abrigar residências para se transformarem em endereços comerciais. “A loja de automóveis do outro lado da rua, por exemplo, era a casa de um antigo cliente que trazia os filhos para comprar bicicletas”, recorda.
A representante comercial Mari Terezinha Golenia Kovalski, moradora da região da Derosso há 43 anos, também vê no trânsito um dos principais problemas da via, em decorrência dos frequentes acidentes que acontecem em sua extensão. Tal fato não supera, no entanto, os benefícios que o endereço traz para o seu dia a dia ao abrigar a escola do filho, de nove anos, e proporcionar que ela resolva quase todas as tarefas de rotina na própria vizinhança. “É raro eu ter que ir ao Centro, pois tudo o que preciso encontro aqui”, resume.
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