Moradores do condomínio New Age trocam produtos: modelo utiliza grupos de e-mails e no Facebook.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Um dos primeiros argumentos de quem busca um condomínio residencial para morar é referente à segurança. Essa ideia, porém, parece limitada para alguns condomínios-clube de Curitiba, que começam a apostar em correntes de economia colaborativa para facilitar a vida dos condôminos, maximizar as relações entre eles, e, em alguns casos, gerar algum lucro para o condomínio.

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O New Age Condomínio Clube, no bairro Portão, desenvolve essa ideia desde 2012. Depois da experiência com grupos de e-mails e no facebook, onde proprietários compartilhavam dicas de fornecedores e serviços na época das obras, a página New Age Business foi criada em 2013 apenas para troca de informações de prestadores, serviços e produtos que beneficiem os próprios condôminos.

De um universo de, em média, 1500 moradores, 800 pessoas participam do grupo New Age Business no Facebook, administrado por um grupo de condôminos, oferecendo e procurando os mais variados serviços. “Tem anúncio de vaga de garagem, aulas particulares de línguas, pilates, alimentos, convites para compras coletivas, e muitas outras. É uma ferramenta que facilita o contato entre o condômino que procura um serviço e outro que oferece, ou a outras pessoas que buscam o mesmo serviço e que se juntam para contratar um prestador de fora do condomínio”, explica o síndico, Maicon Guedes.

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Entenda o que é

Economia colaborativa baseia-se na ideia do compartilhamento e do ganho mútuo.

Interesses comuns

Alavancado por ferramentas digitais, que facilitam a conexão de desconhecidos com interesses e necessidades comuns, o conceito se mostra vantajoso para quem oferece e para quem contrata o serviço, pois elimina os intermediários e os custos de uma estrutura formal de comércio.

Exemplos

Hoje, os exemplos mais conhecidos dessa prática são as plataformas Airbnb e Uber.

Brasil é líder

Segundo uma pesquisa realizada pelo IE Business School em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Brasil é o líder em iniciativas de economia colaborativa na América Latina, com 32% das ideias criadas no continente.

O Condomínio Residencial UpDate, também no bairro Porão, segue a mesma linha. Lançado em 2014, o grupo no Facebook – hoje com cerca de 500, dos 900 moradores - também foi criado antes do término das obras e é administrado por condôminos. “Eu já mandei lavar o carro e comprei comida várias vezes. É cômodo, eu não perco tempo”, comenta o gerente de vendas, Guilherme Mariano.

No UpDate, ainda é mesma página que reúne notícias da administração e assuntos não comerciais, com ofertas e procuras de serviços entre os moradores. Já no New Age, o envolvimento das pessoas fez com que a administração do condomínio construísse um novo ambiente, apelidado de Espaço Multiuso.

Áreas comuns e serviços

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Esse novo local, criado pelo New Age, comporta palestras, grupos de estudos e bazares, por um valor simbólico cobrado pela reserva do espaço. Nos outros ambientes do condomínio, assim como no UpDate, acontecem, ainda, venda e troca de roupas, alimentos e outros produtos; aulas de línguas, dança e artes marciais; serviços de babá e cuidador de pet; além das atividades que carecem de estruturas que esse tipo de empreendimento – os condomínios-clube – já possuem. Como salão de beleza, piscina, academia e home offices.

Funcionamento

Uma das principais regras para esse tipo de ação, inclusive para atender ao regimento dos condomínios, é que o morador não pode transformar sua residência em ponto comercial, atendendo clientes de fora do conjunto.

No caso do New Age, existe a possibilidade de o prestador de serviço ser externo, uma vez que venha a atender ao chamado de um grupo de moradores. “Nesses casos, o prestador externo sempre fica sob a responsabilidade de um morador –organizador”, explica Maicon Guedes, síndico nos dois residenciais. Já no UpDate, a oferta de serviços também está limitada aos condôminos.

Os preços estipulados para serviços e produtos também seguem um padrão: estarem abaixo do valor de mercado. “Foi interessante como os moradores foram incorporando a ideia de manter os preços baixos e, hoje, isso funciona como uma premissa”, comenta Tami Fabris, moradora e conselheira, que já vendeu roupas infantis e hoje consome refeições. “São 10 reais por uma refeição e a comida é muito gostosa”, completa.

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Moradores comentam os benefícios da iniciativa

“O primeiro impacto é no bolso. É receita para quem vende e economia para quem compra. Sem falar na segurança, visto que nem deslocamentos são necessários para as transações de produtos e serviços. O mais fundamental, porém, é que acaba estreitando laços entre vizinhos, que muitas vezes não se conheceriam, mas se cruzam em uma aula de hidroginástica ou venda de cupcakes gourmet.” Maicon Guedes, 35, síndico.

“A gente tem quase tudo que precisa. Inclusive, fiz muitas amizades por causa dessas relações. Um indica o outro, quer ajudar o outro e acabamos criando vínculos. Nós formamos um grupo de quase 50 amigos, que toda semana se reúne.” Tami Fabres, 37, analista contábil.

“Há ganho dos dois lados. Muita comodidade, proximidade, e a gente acaba ajudando as pessoas que estão próximas.” Guilherme Mariano, 32, gerente de vendas

“Entendo que é um espaço plural. Há diversos benefícios e o advento das redes sociais e seus espaços contribui para isso.” Patricia Teixeira, 41, bibliotecária

“É um condomínio que você pode ter acesso a vários serviços com comodidade, segurança, facilidade e acesso rápido, que flexibiliza e otimiza o tempo de quem está usufruindo e para quem está oferecendo com oferta de ótimos negócios. Essa iniciativa melhorou muito o convívio social, estreitando boas relações e criando oportunidades de explorar novos negócios entre os moradores.” Helisson Rodrigues, 35, gestor de produção industrial