Edifícios verdes
Conheça alguns itens implantados nos prédios sustentáveis da incorporadora Ecoesfera
Água filtradaTodas as torneiras do condomínio (dentro e fora dos apartamentos) dispõe de água filtrada, própria para o consumo.
Churrasqueira ecológica Utiliza rochas vulcânicas aquecidas, em vez de carvão.
Economia de águaAs torneiras possuem temporizador e os chuveiros redutores de vazão, estimulando a racionalização. Além disso, a água das torneiras e chuveiros passa por estações de tratamento de esgoto, para ser reaproveitada no vaso sanitário.
Elevador eficienteElevador com sensor de presença, acabamentos em madeira de reflorestamento e motores de alta performance.
Coleta de óleo de cozinhaOs apartamentos possuem sistema para escoamento do óleo de cozinha para uma rede própria. O óleo coletado é posteriormente vendido, gerando receita para o condomínio.
Pré-aquecimento da água do chuveiroÉ utilizada energia solar, economizando gás.
Coleta seletiva do lixoA venda dos recicláveis para cooperativas e indústrias de reciclagem gera receita para o condomínio.
OutrosHá ainda janelas de alumínio para aproveitamento da luz natural; captação e uso da água da chuva utilizada para regar o jardim; telhado ecológico com cobertura vegetal, para equilibrar a temperatura interna e recompor o ecossistema natural, entre outros.
A busca por práticas menos impactantes ao meio ambiente tem sido uma constante em muitos setores da economia. Na construção civil um número crescente de empresários está enxergando com mais clareza a necessidade e o grande potencial de mudanças nos modelos de concepção, design, uso e funcionamento de edificações. O impacto do setor fez soar o sinal de alerta: cerca de 40% das emissões de dióxido de carbono (CO2) no mundo são causadas por edifícios (da construção ao uso). No Brasil, as construções consomem 44% da energia gasta no país, sendo que 22% ocorre em uso residencial, 14% em comercial e 8% em prédios públicos, de acordo com levantamento do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS)."A única forma de minimizar essa realidade é empregando sustentabilidade nas edificações. Com isso, todos os atores saem ganhando, seja o setor produtivo, governo ou cidadão", afirma Marcelo Takaoka, presidente do CBCS. Ele explica que ao incentivar a sustentabilidade nas construções, pode-se ter uma economia de 40% de água e 30% de eletricidade. "Para isso é preciso investir entre 3% e 5% do valor do imóvel em tecnologias ambientalmente saudáveis", defende.Por ser um mercado ainda incipiente, o CBSC não trabalha com estatísticas, mas estima que os prédios verdes valorizem em até 25% o preço do aluguel e venda. Com relação ao custo das unidades, dependendo do grau de sustentabilidade, podem ser de 5% a 10% mais caras. Essa e outras questões envolvendo a sustentabilidade das construções estiveram em debate durante o evento "Oportunidades de mercado da construção sustentável", realizado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), em parceria com a Gazeta do Povo. O evento reuniu empresários, engenheiros, arquitetos e estudantes. O principal convidado do evento foi o o engenheiro civil Luiz Fernando Lucho do Valle, presidente da Ecoesfera Empreendimentos Sustentáveis, com sede em São Paulo, e que desde 2004 atua apenas na construção de edifícios residenciais ecoeficientes voltados para a classe média e média baixa. "Senti a necessidade de usar o meu trabalho para mudar o mundo, queria contribuir de uma forma efetiva", diz o ex-executivo da Rossi Residencial.
Para desenvolver seu projeto empresarial, o engenheiro se debruçou sobre o tema para chegar a uma fórmula que reunisse os três pilares da sustentabilidade (economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correta) em prédios com preços acessíveis. Aos 53 anos Valle toca um negócio que, segundo ele, é planejado de acordo com três objetivos: causar o menor impacto possível no ambiente, proporcionar qualidade de vida aos moradores e reduzir o valor do condomínio em até 30%, uma vez que os prédios consomem menos água e energia elétrica.
A incorporadora desenvolveu um sistema de construção padronizada para imóveis residenciais. São três produtos, em três faixas diferentes de preços. Os edifícios Ecolife têm apartamentos que custam entre R$ 210 mil e R$ 350 mil e agregam 16 conceitos de sustentabilidade. Os prédios chamados Ecoway, que têm apartamentos entre R$ 110 mil e R$ 200 mil, incorporam 12 itens sustentáveis e os da marca Ecoone, com unidades que vão de R$ 80 mil a R$ 100 mil, têm 9 aspectos de sustentabilidade. As plantas têm entre 45 e 100 metros quadrados.
Em cinco anos foram lançados 26 empreendimentos, totalizando 2.600 unidades residenciais. O Ecolife Ipiranga (SP) e Ecolife Freguesia (RJ) tiveram seus projetos arquitetônicos certificados pela Leadership in Energy and Environmental Desing (LEED), emitida pela organização americana United States Green Building Council (USGBC).
"Atuamos principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Estamos iniciando um plano de expansão pela capital paranaense", revela Valle.
O terreno adquirido pela Ecoesfera fica no Ecoville e o empreendimento, com projeto arquitetônico de Luiz Bacoccini, será lançado em março do ano que vem. "Curitiba é uma cidade que já tem várias ações voltadas para uma vida sustentável. Enxergo aqui um lugar para investir com grande possibilidade de expansão."
Argumento de venda
A Ecoesfera agrega itens de construção que encarecem a obras, mas Valle explica que a empresa faz parcerias e consegue negociar os preços na compra dos materiais em escala. "Literalmente, bati na porta de fornecedores que se dispuseram a melhorar tecnologias ou oferecer seus produtos sustentáveis a preços competitivos", diz citando a fábrica de metais sanitários Docol, a indústria de elevadores Atlas, as peças para banheiro da Celite e os revestimentos Gyotoku.
Mesmo com o esforço os apartamentos são ao menos 2% mais caros do que um desprovido de itens ecológicos. "Mas os da concorrência custam 10% mais", afirma.
Para conseguir a marca de 80% das unidades vendidas em até 90 dias após o lançamento, Valle explica que foi necessário atrair os clientes provando que há benefícios econômicos no "morar verde". "É preciso enfatizar a economia de recursos e o preço mais baixo do condomínio."
As principais ações estão concentradas na redução do consumo de recursos naturais, estação de tratamento de esgoto e água da chuva, uso de energia solar e gás para o aquecimento dos chuveiros, janelas especialmente projetadas para priorizar a iluminação natural, reaproveitamento da água do chuveiro, tintas à base de água, madeira de reflorestamento e tubulação específica para o óleo de cozinha, que é embalado em tambores e enviado a empresas que o reutilizam. "O cliente respeita uma empresa que defende conceitos que têm a ver com a sua qualidade de vida e com a autopreservação. Pelo menos 40% das vendas são influenciadas pelos itens ecológicos."
A estratégia se revela eficiente. Em 2007 a empresa tinha R$ 180 milhões em Valor Geral de Vendas (VGV), no ano passado subiu para R$ 600 milhões e este ano, apesar da crise, deve chegar a R$ 800 milhões, afirma Valle.
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