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Luiz Fernando do Valle, Normando Baú e Hamilton Franck (à direita). Em debate, os prédios verdes e potencial de mercado | Pedro Serápio/Gazeta do Povo
Luiz Fernando do Valle, Normando Baú e Hamilton Franck (à direita). Em debate, os prédios verdes e potencial de mercado| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

Edifícios verdes

Conheça alguns itens implantados nos prédios sustentáveis da incorporadora Ecoesfera

Água filtradaTodas as torneiras do condomínio (dentro e fora dos apartamentos) dispõe de água filtrada, própria para o consumo.

Churrasqueira ecológica Utiliza rochas vulcânicas aquecidas, em vez de carvão.

Economia de águaAs torneiras possuem temporizador e os chuveiros redutores de vazão, estimulando a racionalização. Além disso, a água das torneiras e chuveiros passa por estações de tratamento de esgoto, para ser reaproveitada no vaso sanitário.

Elevador eficienteElevador com sensor de presença, acabamentos em madeira de reflorestamento e motores de alta performance.

Coleta de óleo de cozinhaOs apartamentos possuem sistema para escoamento do óleo de cozinha para uma rede própria. O óleo coletado é posteriormente vendido, gerando receita para o condomínio.

Pré-aquecimento da água do chuveiroÉ utilizada energia solar, economizando gás.

Coleta seletiva do lixoA venda dos recicláveis para cooperativas e indústrias de reciclagem gera receita para o condomínio.

OutrosHá ainda janelas de alumínio para aproveitamento da luz natural; captação e uso da água da chuva utilizada para regar o jardim; telhado ecológico com cobertura vegetal, para equilibrar a temperatura interna e recompor o ecossistema natural, entre outros.

  • Luiz Lucho do Valle: a Ecoesfera lançou em cinco anos 26 empreendimentos, totalizando 2.600 unidades residenciais
  • Ecolife Ipiranga é o primeiro prédio com projeto certificado da Ecoesfera, em SP

A busca por práticas menos impactantes ao meio am­­biente tem sido uma constante em muitos setores da economia. Na construção civil um número crescente de empresários está enxergando com mais clareza a necessidade e o grande potencial de mudanças nos modelos de concepção, design, uso e funcionamento de edificações. O impacto do setor fez soar o si­­nal de alerta: cerca de 40% das emissões de dióxido de carbono (CO2) no mundo são causadas por edifícios (da construção ao uso). No Brasil, as construções consomem 44% da energia gasta no país, sendo que 22% ocorre em uso residencial, 14% em comercial e 8% em prédios pú­­blicos, de acordo com levantamento do Conselho Brasilei­ro de Cons­­tru­­ção Sustentável (CBCS)."A única forma de minimizar essa realidade é empregando sustentabilidade nas edificações. Com isso, todos os atores saem ganhando, seja o setor produtivo, governo ou cidadão", afirma Marcelo Ta­­kaoka, presidente do CBCS. Ele explica que ao incentivar a sustentabilidade nas construções, pode-se ter uma economia de 40% de água e 30% de eletricidade. "Pa­­ra isso é preciso investir entre 3% e 5% do valor do imóvel em tecnologias ambientalmente saudáveis", defende.Por ser um mercado ainda incipiente, o CBSC não trabalha com estatísticas, mas estima que os prédios verdes valorizem em até 25% o preço do aluguel e venda. Com relação ao custo das unidades, dependendo do grau de sustentabilidade, podem ser de 5% a 10% mais caras. Essa e outras questões envolvendo a sustentabilidade das construções estiveram em debate durante o evento "Oportunidades de mercado da construção sustentável", realizado pelo Sindicato da Indústria da Constru­ção Civil no Paraná (Sindus­­­con-PR), em parceria com a Gazeta do Povo. O evento reuniu empresários, engenheiros, arquitetos e estudantes. O principal convidado do evento foi o o engenheiro civil Luiz Fernan­­­do Lucho do Valle, presidente da Ecoesfera Empreendimentos Sus­­tentáveis, com sede em São Paulo, e que desde 2004 atua apenas na construção de edifícios residenciais ecoeficientes voltados para a classe média e média baixa. "Senti a necessidade de usar o meu trabalho para mudar o mundo, queria contribuir de uma forma efetiva", diz o ex-executivo da Rossi Residencial.

Para desenvolver seu projeto empresarial, o engenheiro se debruçou sobre o tema para chegar a uma fórmula que reunisse os três pilares da sustentabilidade (economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correta) em prédios com preços acessíveis. Aos 53 anos Valle toca um negócio que, segundo ele, é planejado de acordo com três objetivos: causar o menor impacto possível no ambiente, proporcionar qualidade de vida aos moradores e reduzir o valor do condomínio em até 30%, uma vez que os prédios consomem menos água e energia elétrica.

A incorporadora desenvolveu um sistema de construção padronizada para imóveis residenciais. São três produtos, em três faixas diferentes de preços. Os edifícios Ecolife têm apartamentos que custam entre R$ 210 mil e R$ 350 mil e agregam 16 conceitos de sustentabilidade. Os prédios chamados Ecoway, que têm apartamentos entre R$ 110 mil e R$ 200 mil, incorporam 12 itens sustentáveis e os da marca Ecoone, com unidades que vão de R$ 80 mil a R$ 100 mil, têm 9 aspectos de sustentabilidade. As plantas têm entre 45 e 100 metros quadrados.

Em cinco anos foram lançados 26 empreendimentos, totalizando 2.600 unidades residenciais. O Eco­­life Ipiranga (SP) e Ecolife Fre­­­guesia (RJ) tiveram seus projetos arquitetônicos certificados pela Leadership in Energy and Envi­­ron­­mental Desing (LEED), emitida pela organização americana Uni­ted States Green Building Council (USGBC).

"Atuamos principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Es­­tamos iniciando um plano de ex­­pansão pela capital paranaense", revela Valle.

O terreno adquirido pela Eco­es­fe­­ra fica no Ecoville e o empreendimen­to, com projeto arquitetônico de Luiz Bacoccini, será lançado em mar­­ço do ano que vem. "Curitiba é uma cidade que já tem várias ações voltadas para uma vida sustentável. Enxergo aqui um lugar para investir com grande possibilidade de expansão."

Argumento de venda

A Ecoesfera agrega itens de construção que encarecem a obras, mas Valle explica que a empresa faz parcerias e consegue negociar os preços na compra dos materiais em escala. "Literalmente, bati na porta de fornecedores que se dispuseram a melhorar tecnologias ou oferecer seus produtos sustentáveis a preços competitivos", diz citando a fábrica de metais sanitários Docol, a indústria de elevadores Atlas, as peças para banheiro da Celite e os revestimentos Gyotoku.

Mesmo com o esforço os apartamentos são ao menos 2% mais caros do que um desprovido de itens ecológicos. "Mas os da concorrência custam 10% mais", afirma.

Para conseguir a marca de 80% das unidades vendidas em até 90 dias após o lançamento, Valle explica que foi necessário atrair os clientes provando que há benefícios econô­­­­micos no "morar verde". "É pre­­­­­ciso enfatizar a economia de recursos e o preço mais baixo do con­­­domínio."

As principais ações estão concentradas na redução do consumo de recursos naturais, estação de tratamento de esgoto e água da chuva, uso de energia solar e gás para o aque­­­­cimento dos chuveiros, janelas especialmente projetadas para priorizar a iluminação natural, reaproveitamento da água do chuveiro, tintas à base de água, madeira de re­­­­florestamento e tubulação específica para o óleo de cozinha, que é embalado em tambores e enviado a empresas que o reutilizam. "O cliente respeita uma empresa que defende conceitos que têm a ver com a sua qualidade de vida e com a autopreservação. Pelo menos 40% das vendas são influenciadas pelos itens ecológicos."

A estratégia se revela eficiente. Em 2007 a empresa tinha R$ 180 milhões em Valor Geral de Vendas (VGV), no ano passado subiu para R$ 600 milhões e este ano, apesar da crise, deve chegar a R$ 800 milhões, afirma Valle.

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