O esforço das construtoras em comercializar as unidades prontas ou em fase de obras e a disparada da inflação contribuíram para segurar o reajuste do preço dos imóveis no ano passado, em Curitiba.
Entre dezembro de 2014 e o mesmo mês de 2015, a valorização média acumulada pelos apartamentos novos na capital foi de 5%, menos da metade do índice registrado pela inflação do período, que foi de 10,67%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Isto fez com que o preço do m² privativo passasse dos R$ 6,2 mil para os R$ 6,5 mil no período. Os dados são da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) e da Brain Bureau de Inteligência Corporativa.
INFOGRÁFICO: Veja a evolução dos preços dos imóveis em Curitiba
As campanhas de vendas realizadas pelas construtoras e o receio dos consumidores frente aos efeitos da crise econômica – como o aumento da taxa de desemprego, a alta dos juros e da inflação– estão entre os fatores que frearam a correção dos preços, de acordo com os especialistas.
“Com o mercado menos aquecido, com menor margem de reposição de preço, grande parte das empresas adotaram a estratégia de não reajustar. Este também foi um ano de se trabalhar o estoque, com menos lançamentos, o que fez com que eles [que costumam puxar o reajuste para cima] impactassem menos nessa variação”, avalia Fábio Tadeu Araújo, diretor de pesquisa de mercado da Ademi-PR.
Por tipo
As unidades de um e dois dormitórios foram as que apresentaram o menor reajuste do período, 2,6%, com o preço do m² chegando aos R$ 7 mil e R$ 5,8 mil, respectivamente, em dezembro de 2015. De acordo com André Marin, diretor de incorporação da construtora Laguna, estas são as tipologias que têm a maior oferta disponível, o que, dentro da relação de oferta e demanda, justifica o menor reajuste.
A correção de 5,5% para o m² privativo dos apartamentos de três dormitórios – comercializados a R$ 6,3 mil por m² – foi a mais próxima da registrada pela média de mercado. “Esta tipologia tem um estoque mais equilibrado e é a que atende à demanda de quem faz um upgrade, saindo de um imóvel de dois para o de três quartos. Essas pessoas, geralmente, têm melhor renda, conseguindo o financiamento com mais facilidade”, explica o diretor da Imobiliária Thá, Bruno Barreto.
Em alta
A maior alta do período foi registrada pelos apartamentos de quatro dormitórios, que tiveram seus preços corrigidos em 15% – índice três vezes superior ao da média do setor e 4,33 pontos porcentuais acima da inflação.
Ao contrário das demais tipologias, este segmento foi impactado pelo volume de lançamentos de apartamentos com valores acima de R$ 1 milhão. Como lembra Barreto, este também é um segmento que atende um perfil mais exigente e disposto a pagar pela exclusividade de projeto e localização, o que estimula o reajuste.
Estoque cai com menos lançamentos
O foco na comercialização de imóveis já lançados e a retração de 32% na oferta de novas unidades em 2015 – no comparativo com o ano anterior – contribui para a redução do estoque disponível para venda em Curitiba.
Em dezembro do ano passado, 10.266 unidades estavam à espera de um comprador na capital, menor número desde fevereiro de 2012, quando o estoque era de 10.164 apartamentos. Na comparação com dezembro de 2014, a redução foi de 5,4%, ou 584 unidades, de acordo com Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR).
Para o diretor de pesquisa de mercado da entidade, Fábio Tadeu Araújo, a oferta de unidades à venda está bem próxima da que seria a ideal para a cidade. “Neste ano, o estoque deve chegar a um nível de estabilização, com uma oferta de cerca de 8 mil unidades até o final de 2016”, prevê.
Preço
A redução na oferta, na opinião do diretor de incorporação da construtora Laguna, André Marin, deve fazer com que o preço dos imóveis volte a crescer na capital. A Ademi-PR, no entanto, projeta para este ano um reajuste similar ao registrado em 2015, na casa dos 5%.
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