A retração na oferta de crédito e os efeitos da crise na economia nacional não frustaram o mercado imobiliário de Curitiba, que viu crescer em 19,3% a receita obtida com a venda de unidades novas nos primeiros quatro meses de 2015. O Volume Geral de Vendas (VGV) somou R$ 980,9 milhões no período, contra R$ 822,1 milhões nos primeiros quatro meses de 2014.
Lançamentos focam mercado de alto padrão
Os lançamentos de alguns empreendimentos com ticket acima da média do mercado ajudaram a elevar o VGV (Valor Geral de Vendas) negociado nos primeiros quatro meses de 2015. Entre eles, destacam-se as unidades de alto padrão e luxo – com preços entre R$ 600.001 mil e R$ 2 milhões – cuja oferta aumentou em 203% e 52%, respectivamente, no primeiro quadrimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2014.
O estoque abundante de imóveis de outros segmentos, como os de padrão standard e de um dormitório, estimulou a oferta de unidades com preços médios mais altos, na opinião de Marlus Doria, da Cyrela. “Não faz sentido as empresas lançarem empreendimentos que concorram com um estoque grande, porque eles não terão preços competitivos”, explica.
Na outra ponta, os apartamentos supereconômicos e econômicos, com preços de até R$ 250 mil, estão sumindo do mercado da capital. Neste último, o número de unidades lançadas caiu 98% no período, somando um total de apenas 24 apartamentos até abril deste ano.
Fábio Tadeu Araújo, diretor de pesquisa de mercado da Ademi-PR, afirma que isto é ruim para a cidade, pois faz com que as famílias com menor renda só consigam morar de aluguel ou se mudem para a Região Metropolitana, o que já vem acontecendo. Na opinião dele, a prefeitura deveria aproveitar este momento de discussões sobre o Plano Diretor para pensar em políticas de incentivo à habitação popular, prejudicada pelo elevado custo dos terrenos na capital. A ampliação do potencial construtivo de terrenos em bairros como Sítio Cercado e Umbará e a implantação do IPTU progressivo seriam algumas das alternativas possíveis, segundo Fábio. Esta medida, que já é uma realidade em São Paulo, aumenta o imposto para terrenos desocupados de forma progressiva, pressionando o proprietário a vender ou dar um uso para a área.
Embora menor que a receita, o número de unidades novas vendidas subiu quase 4% até abril, puxado, entre outros fatores, pelas campanhas promocionais das construtoras. Os dados são da pesquisa realizada pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR).
No segmento residencial, a queda de 2,8% no número de unidades vendidas não impactou a receita total do grupo dos apartamentos, que contabilizou um VGV de R$ 847,1 milhões no período – alta de 13,1% em relação ao primeiro quadrimestre de 2014. O destaque do período, no entanto, ficou por conta das unidades comerciais, que registraram aumento de 83% no total de valores negociados –com faturamento de R$ 133,8 milhões – e de 60% no número de unidades .
O grande volume de entregas e a realização das ações promocionais de vendas pelas construtoras influenciaram positivamente as negociações, avalia o diretor executivo da Cyrela, Marlus Doria. “As pessoas estão aproveitando estas oportunidades para comprar, o que é uma boa notícia”, diz.
Fábio Tadeu Araújo, diretor de pesquisa de mercado da Ademi-PR, acrescenta a oferta de novos lançamentos, com tickets médios mais elevados como mais um estímulo aos resultados do período. “Lançamentos como o residencial Parque das Artes e outros comerciais, com VGV alto e mix de produto diferente, venderam bem e ajudaram a puxar os números para cima”, acrescenta.
Padrão
No segmento residencial, os apartamentos standard – com preços entre R$ 250.001 mil e R$ 400 mil – puxaram o incremento nas vendas. Uma em cada três unidades comercializadas entre janeiro e abril deste ano eram deste padrão, cujas vendas mais que dobraram no período, somando 628 unidades. Studios, lofts e apartamentos de um dormitório ficaram na segunda posição do ranking com 458 unidades vendidas, 33,5% a mais do que no primeiro quadrimestre de 2014. Segundo especialistas, estes são os segmentos que têm maior participação no mercado e os que abrangem boa parte da pirâmide de consumo.
O preço médio cobrado pelo metro quadrado dos apartamentos novos também subiu, chegando a R$ 6,3 mil em abril, reajuste de 6,4% no acumulado dos últimos 12 meses – abaixo dos 8,17% registrados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo Araújo, a forte alta da inflação e o novo momento do mercado imobiliário, fizeram com que a valorização não conseguisse acompanhar o índice oficial.
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