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Curitiba Office Park (COP) possui sprinklers, sistemas de combate a incêndio da norma americana | Fotos: Antônio More/Gazeta do Povo
Curitiba Office Park (COP) possui sprinklers, sistemas de combate a incêndio da norma americana| Foto: Fotos: Antônio More/Gazeta do Povo

Entrevista

Usuário precisa criar cultura de segurança

Emerson Luiz Baranoski, major do Corpo de Bombeiros do Paraná

As diretrizes da norma de segurança americana não são exclusivas dos países que a adotam integralmente. O major Emerson Luiz Baranoski, do Corpo de Bombeiros do Paraná, diz que tanto ela quanto a norma europeia serviram de referência para a elaboração do Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico dos Bombeiros do Paraná, em vigor no estado. "Hoje, o nosso código é muito próximo das normas internacionais, pois é uma mescla das normatizações brasileira, americana e europeia", conta. O major comentou sobre a adoção do sistema americano em entrevista à Gazeta do Povo.

Por que a adoção da norma americana se tornou um diferencial?

Para uma seguradora internacional fazer o seguro de uma empresa, por exemplo, uma exigência é que o prédio atenda as normas do país de origem. Uma edificação que não utilize a norma americana não estará insegura. A reformulação do nosso código, em 2011, trouxe um avanço significativo em relação às questões de segurança. Hoje, as normas são complementares.

O Corpo de Bombeiros vê com maus olhos a utilização da norma americana?

Pelo contrário, sempre incentivamos quando há uma medida que pode melhorar ainda mais a segurança de um empreendimento. O que precisa ficar claro é que uma edificação precisa atender o código do Paraná, que fixa as condições mínimas de segurança. As medidas adicionais ficam a critério do responsável técnico pela obra.

O que pode ser aprimorado no que se refere à segurança dos empreendimentos?

É preciso criar uma cultura de prevenção a incêndios. De nada adianta aplicar normas mais rigorosas se um dos principais agregadores, que é o próprio usuário da edificação, não sabe utilizar os equipamentos de forma correta, não faz a manutenção deles ou não sabe como agir em casos de incêndio.

  • Saídas de emergência dão acesso a ambientes externos

Depois das questões relacionadas à sustentabilidade, aspectos ligados à segurança dos empreendimentos são a bola da vez nos projetos imobiliários, principalmente de prédios corporativos. Nesse contexto, a adoção de sistemas e diretrizes com padrões americanos vem ganhando destaque.

Conhecida como Life Safety Code, a norma NFPA 101 é o código americano que determina as diretrizes de segurança nas construções e incorpora aos projetos parâmetros mais rigorosos para as respostas do prédio em casos de acidentes, como as saídas de emergência, por exemplo.  Mas a norma americana não é totalmente nova por aqui, lembra o presidente da Associação Paranaense dos Engenheiros de Segurança (Apes),Flávio Freitas Dinão. A norma de procedimento técnico do Corpo de Bombeiros do Paraná que trata sobre as saídas de emergência já incorpora aspectos da norma americana.

Na capital, um dos empreendimentos que adotou o sistema americano é o Curitiba Office Park (COP), no Prado Velho. A segunda torre do condomínio, concluída em maio, foi projetada para atender as principais exigências da norma americana. Eduardo Schulman, diretor da Top Imóveis – incorporadora do prédio juntamente com a BP Empreendimentos –, conta que a opção foi resultado da filosofia de inovação da empresa e do desejo de responder às necessidades das multinacionais. "Buscamos atender o nível de exigência dessas empresas, que têm uma cultura muito forte na prevenção de acidentes e no cuidado com as pessoas. Para isso, precisávamos de um produto com padrão internacional", completa Roberto Pimenta, diretor de operações da empresa.

O que diz a norma?

O arquiteto Flávio Schiavon, responsável pelo projeto do COP 2, explica que o dimensionamento, o número das saídas de emergência e a estratégia de posicionamento delas dentro do empreendimento estão entre as principais diretrizes da norma americana. Nela, são levados em consideração o trajeto a ser percorrido pela pessoa até a escada e a distância entre as rotas de fuga, por exemplo. "Pela NFPA 101, cada sala também deve ter, no mínimo, duas rotas de fuga, localizadas em extremidades opostas dentro da unidade", acrescenta o arquiteto. A normatização utilizada no Paraná, por sua vez, tem como principal premissa a distância entre a pessoa e a escada.

Outro ponto de destaque do código americano se refere à exigência de que pelo menos uma das escadas de emergência do prédio levem diretamente a uma área externa. Segundo a norma utilizada no estado, as escadas de emergência podem desembocar em ambientes internos.

Os sistemas de combate a incêndio, como os sprinklers – dispositivos fixados no teto que funcionam como um chuveiro –, são outros equipamentos que têm sua utilização destacada pela norma americana, principalmente nos empreendimentos corporativos, lembra Schiavon. Vale ressaltar que as características referentes às distâncias e aos equipamentos a serem utilizados para a segurança, seja pela norma americana ou pela adotada no estado, variam de acordo com as dimensões e o uso de cada empreendimento.

Uso da norma americana interfere no projeto

A adoção das normas americanas reforça a segurança, mas também pode impactar os custos. O arquiteto Flávio Schiavon, responsável pelo projeto da segunda torre do Curitiba Office Park (COP 2), diz que é necessária a realização de uma pesquisa extensa para conhecer as exigências da norma. "Como o objetivo é atender as grandes empresas, precisamos analisar as exigências dessas corporações em manuais que descrevem o que o edifício deve conter e verificar o que disso é realmente relevante para o empreendimento que será construído", conta.

Outro ponto, segundo o arquiteto, é quebrar a resistência cultural que pode existir entre as pessoas envolvidas com o projeto, como incorporadores e técnicos, para que eles possam ser convencidos sobre a importância do acréscimo de determinados sistemas, que podem gerar aumento de custos. "Nós, como arquitetos, oferecemos a alternativa de adequação também à norma americana para os projetos que percebemos ter esse potencial de atendimento a grandes empresas", diz.

No COP 2, por exemplo, a adoção da norma resultou num acréscimo de 5% nos custos do empreendimento, segundo Eduardo Schulman, diretor da Top Imóveis. "Curitiba oferece uma qualidade excepcionalmente boa de prédios corporativos. Nesse horizonte, qualquer investimento em inovação traz mais competitividade", afirma.

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