A mudança nas regras de financiamento habitacional pela Caixa Econômica Federal, que vai permitir a compra de imóveis mais caros, poderá reaquecer o setor imobiliário, que vem sentindo fortemente os impactos da crise financeira nos últimos anos.
Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, apesar de ser voltada para um mercado mais restrito, a medida é muito bem-vinda para o setor. “Quando se trabalha com financiamento, acaba-se tendo dinheiro mais barato e facilitando-se os negócios. E tem-se um conforto maior”, disse Martins.
A partir desta segunda-feira (25), o valor máximo de financiamento da Caixa pelo SFI (Sistema Financeiro Imobiliário) passa de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões. O SFI é uma modalidade de crédito que financia imóveis mais caros, sem emprestar dinheiro do FGTS.
De acordo com Martins, o mercado de imóveis com preço mais alto também foi afetado pela crise econômica e política do país. Ele explicou que isso acontece porque a decisão de comprar um imóvel, independentemente do valor, é muito influenciada pela confiança no futuro. “Então, se não tiver o horizonte político e econômico razoável, as pessoas ficam com o pé atrás. Todos os mercados estão passando por dificuldades. Se alguns têm medo de perder o emprego, quem é dono de empresa também pode ter medo de como ela se comportará no futuro.”
As mudanças nas regras de financiamento chegam em “excelente hora”, na avaliação do vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF), Eduardo Aroeira. Isso porque, segundo ele, as expectativas e o otimismo das pessoas têm melhorado. “Vai auxiliar bastante na compra de imóveis para classes mais elevadas, que vinham sofrendo bastante com a maior dificuldade de financiamento”, observou.
Outra mudança no financiamento anunciado pela Caixa é o aumento da parcela de financiamento dos imóveis por meio do SFI. Para imóveis usados, a cota de financiamento subiu de 60% para 70% do valor total. Para a compra de imóvel novo, construção em terreno próprio, aquisição de terrenos e reforma ou ampliação, a cota passou de 70% para 80%. A medida também foi comemorada pelo presidente da Cbic. “Antes, a pessoa tinha que dar 30% de entrada, agora tem que dar 20%. Isso ajuda bastante”, destacou Martins.
Retomada do setor
Sobre a expectativa de retomada da indústria da construção civil no país, José Carlos Martins, observou que o humor está começando a mudar. “Já começa a ter mais visitas em plantões e, quando se fazem sondagens com empresários, vemos que eles estão menos pessimistas. Não é nenhum oba-oba, mas há uma reversão de expectativas.”
De acordo com o presidente da Cbic, os lançamentos imobiliários tiveram retração de 54% nos últimos 12 meses, enquanto as vendas caíram 18%. “Caiu muito mais o número de lançamentos do que o de vendas. Mesmo que as vendas estejam fracas, elas continuam existindo. Isso quer dizer que, daqui a pouco, o mercado vai começar a reverter. Muitos prédios que estão parados vão começar a andar de novo”, previu Martins.
Eduardo Aroeira disse que também espera melhora gradual no setor nos próximos meses. “A partir do momento em que a Caixa reabre essa possibilidade, faz com que haja um novo ânimo do mercado, e a tendência é de melhora, embora gradual, mas constante”, afirmou Aroeira.