Mais de 70 mil pessoas saíram às ruas de Homs, no centro da Síria, nesta terça-feira (27), para receber um grupo de observadores da Liga Árabe com uma manifestação contra o regime do presidente Bashar al Assad.
A cidade, que tem cerca de 1,5 milhão de habitantes, é o foco da oposição mais castigado pelo regime desde que começaram os protestos em março. O grupo da Liga Árabe visita a localidade pela primeira vez.
Homs voltou a ser cenário da repressão dos protestos por parte das forças de segurança, com bombardeios do Exército e a morte de civis. Nesta terça-feira, pelo menos 13 pessoas morreram na região de um total de 33 vítimas em todo o país, de acordo com os Comitês de Coordenação Local.
Enquanto isso, o Observatório Sírio de Direitos Humanos chamou a atenção ao fato de que os carros de combate do Exército se ocultaram no interior de vários centros governamentais.
Com estas ações, o foco de atenção mobilizou os 12 observadores, que dirigidos pelo chefe da missão da Liga Árabe, o general sudanês Mohammed Ahmad Mustafa al Dabi, visitaram a cidade para comprovar o cumprimento da iniciativa de solução à crise proposta pela organização.
O plano estipula, entre outros pontos, o fim violência, a retirada militar das localidades e a libertação dos presos durante os protestos.
O chefe de Operações da missão disse no Cairo que os observadores começaram seu trabalho em Homs nesta terça-feira, onde se encontraram com o governador, e deverão enviar relatórios regulares sobre a situação na Síria.
A expectativa é de que os observadores continuem em Homs durante os próximos dias, embora esse prazo esteja sujeito a avaliação, afirmaram à Agência Efe fontes da Liga Árabe.
As condições da visita foram fixadas no protocolo que a Síria assinou no dia 19 de dezembro, que estipula a coordenação dos observadores com as autoridades do país.
Na prática, isto gerou críticas entre os moradores da cidade e os opositores, descontentes porque os observadores não teriam entrado nos bairros supostamente mais afetados.
O porta-voz dos Comitês disse à Efe que os observadores estão seguindo as indicações das autoridades, que lhes convenceram a não visitar certas áreas pelos riscos que existem para sua segurança.
Um vídeo divulgado na Internet mostra queixas de vários moradores que pedem que a delegação se desloque às áreas mais quentes para ver "vítimas desarmadas" frente aos disparos dos franco-atiradores.
Há meses, as mortes são constantes em Homs, assim como as manifestações que pedem a queda de Bashar al Assad.
A situação piorou de tal forma que em novembro o Conselho Nacional Sírio, principal órgão da oposição, solicitou às Nações Unidas que declarassem Homs como "zona de desastre" para permitir o envio de ajuda internacional.
Neste momento, os opositores calculavam que cerca de 1.400 pessoas tinham morrido na região, aproximadamente a metade dos mortos que a Organização das Nações Unidas contabilizava em todo o país.
Longe de diminuir, as mortes continuaram diariamente na Síria e os últimas números do organismo internacional calculam mais de 5 mil vítimas da repressão do regime.
Os opositores insistem que a questão deve ser tratada pelo Conselho de Segurança da ONU para pressionar o presidente, para quem a violência é causada por grupos terroristas.
Nesse sentido, a agência de notícias oficial síria, Sana, afirmou que as forças da ordem se enfrentaram com supostos terroristas perto da fronteira com a Turquia para evitar a infiltração de outro grupo nesse país.
Além dos mortos desta terça-feira em Homs, as outras vítimas foram registradas em várias províncias do país, entre elas as de Deraa e Idlib, outros grandes focos da oposição ao presidente.