ISLAMABAD (Paquistão) e RANCHI (Índia) - Já chega perto de 20 mil o número de mortos em conseqüência de um terremoto de grandes proporções (7,6 graus na escala Richter) que atingiu a região da fronteira entre o Paquistão e a Índia às 0h50m de sábado (horário de Brasília). Em entrevista às agências internacionais neste domingo, o ministro do Interior paquistanês Aftab Ahmed Khan Sherpao afirmou que mais de 19,4 mil pessoas morreram só na Cachemira paquistanesa e outras 42 mil ficaram feridas em decorrência de desabamentos provocados pelo tremor.
O epicentro do terremoto foi localizado na região montanhosa da Cachemira paquistanesa, próximo à fronteira com a Índia, a cerca de 95 quilômetros de Islamabad. Houve reflexos na Índia, Afeganistão e Bangladesh. Segundo sismólogos, outros 45 tremores mais leves sucederam o terremoto e foram sentidos nas capitais do Paquistão, Índia e Afeganistão.
As operações de salvamentos estão sendo dificultadas pelas chuvas que atingem a Índia e o Paquistão, e pelos desmoronamentos de terra que bloquearam as estradas, dificultando o acesso aos locais atingidos pelo terremoto nos países. O presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, agradeceu os países que expressaram condolências e ajuda imediata às vítimas, mas reforçou que o país precisa de mantas, tendas, medicamentos e principalmente de helicópteros para alcançar as áreas mais remotas.
A maior parte das vítimas estava dormindo no momento do tremor e muitas pessoas correram para as ruas com medo de desmoronamento das construções. O local mais afetado pelo tremor, no entanto, foi a cidade de Muzaffarabad, capital da Cachemira, território himalaio dividido.
Apenas em duas escolas que desabaram com o tremor foram informadas as mortes de 400 crianças na província paquistanesa da Fronteira Noroeste (North-West Frontier). Pelo menos outras 850 crianças podem estar entre os escombros. Outras 150 pessoas, entre elas alguns estrangeiros, estão soterradas entre blocos de apartamentos de condomínios da capital Islamabad.
No lado indiano da fronteira da Cachemira, o número de mortos subiu para 558 após o resgate de 258 corpos neste domingo. Entre as vítimas fatais estão 15 soldados, alguns deles soterrados em bunkers na zona de cessar-fogo na fronteira. As regiões fronteiriças de Uri, Kupwara e Baramullah, no lado indiano da Cachemira foram as mais atingidas.
- As informações agora estão chegando das áreas mais remotas. Resgatamos 258 corpos e outras 100 pessoas estão feridas na cidade de Karnah - disse um oficial em Kupwara, referindo-se à cidade que fica na zona militar de cessar-fogo que divide os dois países.
O ministro das Comunicações para a Cachemira do Paquistão, Tariq Farooq, afirma que o número de mortos passará dos 30 mil, já que os esforços de resgate estão mais concentrados nas principais cidades do país, e não nos povos das montanhas, áreas mais remotas.
De acordo com o porta-voz do presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, general-major Shaukat Sultan, vilas inteiras foram soterradas pelos abalos:
- Poderão ser milhares de mortes. Não temos um número exato de ocorrências neste momento, mas os números são amplos. Sobrevoamos a região logo após os tremores e iniciamos as operações de resgate. Os helicópteros do Exército intensificam as buscas, transportando feridos. As regiões atingidas mais duramente são os distritos de Mansehra e Muzaffarabad e áreas adjacentes - informou o porta-voz.
De acordo com um porta-voz do Exército paquistanês, cerca de 200 militares do país foram mortos nas regiões mais afetadas pelo tremor.
Na Índia, os deslizamentos de terra também provocaram o fechamento de uma auto-estrada que conecta Srinagar, a capital de verão da região e o resto da Índia ao sul do país.A estrada entre Srinagar e Muzaffarabad, na Cachemira paquistanesa - que foi reaberta ao tráfego no início do ano após quase 60 anos - também foi interditada.
- Nunca vi nada como isso em minha vida. Estávamos balançando dentro de nossas casas até conseguirmos sair e correr para um local seguro. Tudo chacoalhava e considero um milagre termos conseguido sair - disse Khalil Bashir, um escritor em Srinagar.
O subcontinente indiano é considerado propício a terremotos. Cerca de 20 mil pessoas foram mortas em janeiro de 2001 quando um terremoto medindo 7,7 pontos atingiu o estado indiano de Gujarat.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil está em contato com seus representantes nas regiões atingidas e informou que não foram encontrados brasileiros atingidos pelo terremoto.
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