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Crise

A poucas horas do fim do prazo, impasse persiste em Honduras

Com o relógio aproximando-se da meia-noite, prazo final imposto ao diálogo de Guaymuras, a restituição do presidente deposto Manuel Zelaya continuava incerta nesta quinta-feira.

Nos últimos dois dias, emissários de Zelaya e do governo de facto chefiado por Roberto Micheletti entraram em acordo sobre sete dos oito pontos fundamentais previstos no Pacto de San José

Confinado desde o dia 21 na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, o presidente deposto aumentou a pressão e insistiu que o diálogo com os líderes golpistas é "extremamente delicado e perigoso".

Na quarta-feira, o negociador zelaysta Victor Mesa chegou a anunciar que as facções rivais hondurenhas haviam alcançado uma resolução de consenso. O texto comum seria então supostamente analisado pelos presidentes de facto e deposto.

Micheletti, entretanto, negou qualquer acerto. Segundo o líder de facto, resta ainda uma discórdia sobre a instância a que deve ser submetida a proposta de restituição. Zelaystas desejariam a aprovação do Congresso; golpistas, a da Suprema Corte.

Em meio a sinais de otimismo e retrocessos, aliados do presidente deposto declararam nesta quinta-feira que empresários estariam pressionando Micheletti a não aceitar a restituição de Zelaya.

À Agência Estado, o deputado da zelaysta Marvin Poncé, do partido Unificação Democrática, acusou a Associação Nacional de Indústrias (Andi) de estar por trás do boicote. O presidente da organização, Adolfo Facussé, nega.

A Frente Nacional de Resistência (FNR), ala mais radical da base de apoio de Zelaya, denunciou ontem a falta de "vontade política" dos golpistas para encerrar a crise. O grupo também exigiu novamente a suspensão "imediata e total" do estado de sítio, imposto pelo governo de facto há três semanas.

Após decretar feriado nacional, Micheletti recebeu hoje com festa no Palácio Presidencial a seleção de futebol hondurenha, que na quarta-feira à noite venceu El Salvador e conquistou uma vaga na Copa de 2010.

O presidente de facto agradeceu a equipe e em seguida reconheceu que "estamos vivendo momentos de muito confronto". "Essa alegria encobriu o momento da angústia que vivemos", completou.

Enquanto isso, a diplomacia americana voltou nesta quinta-feira a conclamar os hondurenhos a acordarem uma solução pacífica para a crise. "O que estamos tentando fazer agora é encorajá-los a continuar (a negociar), porque estamos perto de um acordo e queremos vê-lo ser firmado", disse Robert Wood, porta-voz do Departamento de Estado.

Desde o início da crise, no dia 28 de junho, o presidente Barack Obama tem exigido a restituição de Zelaya. Ele ainda ameaçou não reconhecer as eleições presidenciais de novembro, caso o governo golpista não ceda.

Mas o tema está lhe causando desgaste no Congresso. Deputados republicanos se solidarizaram com Micheletti e acusam Obama de apoiar um aliado do venezuelano Hugo Chávez. Com polêmica, estão travadas no Senado as confirmações do novo embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, e do secretário para Assuntos Hemisféricos, Arturo Valenzuela.

Nesta quinta-feira, o republicano Dick Lugar, do Comitê de Relações Exteriores do Senado, exortou a Organização dos Estados Americanos a reconhecer a votação de novembro, mesmo sem a volta de Zelaya.

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