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O presidente palestino, Mahmoud Abbas, líder do Fatah, anunciará no domingo a composição do novo governo de emergência, segundo fontes ligadas à Autoridade Nacional Palestina (ANP). O gabinete, proposto por ele após a tomada de Gaza por forças do grupo radical islâmico Hamas, será liderado pelo economista Salam Fayyad , nomeado primeiro-ministro, e terá 12 ministérios. Enquanto o presidente negocia a formação do gabinete, a crise entre os dois grupos que disputam o poder nos territórios palestinos se alastra: aliados do Fatah tomaram a sede do parlamento em Ramallah, e combatentes do Hamas saquearam a residência do ex-presidente palestino Yasser Arafat.
Em outa atitude que pode agravar o conflito, Abbas rejeitou um pedido da Liga Árabe para se reunir com o secretário-geral do Hamas no exílio, Khaled Meshaal. O secretário-geral da Liga Árabe, Amre Moussa, ligou neste sábado para o presidente a fim de propor um encontro com Meshaal, mas Abbas não aceitou a proposta. O primeiro-ministro destituído e líder do Hamas, Ismail Haniyeh, também tomou decisão que pode prejudicar as tentativas de acordo, nomeando neste sábado um novo chefe de segurança na Faixa de Gaza, em substituição aos comandantes leais a Abbas. Haniyeh não aceitou a dissolução do governo de coalizão e, agora, o país convive com dois premiers: um em Gaza, outro na Cisjordânia.
O governo de emergência desejado por Abbas dificilmente poderá atuar fora da Cisjordânia, mas pretende ter força em Gaza. As ações do Fatah e do Hamas, em Ramallah e em Gaza, respectivamente, simbolizam a divisão de poder nos territórios palestinos.
Cerca de 50 pistoleiros do Fatah e 200 outros manifestantes invadiram um prédio do Parlamento palestino em Ramallah para protestar contra a sangrenta tomada da Faixa de Gaza pelo Hamas, mas não há relato de feridos. De acordo com testemunhas, os combatentes agarraram o vice-presidente do Parlamento, que é alinhado com o Hamas, e o arrastaram do prédio, mas ele não ficou ferido.
Pela manhã, combatentes do Hamas saquearam a residência do ex-presidente palestino Yasser Arafat, histórico líder dos nacionalistas do Fatah, em Gaza. Segundo testemunhas, os extremistas assaltaram o edifício, considerado um dos maiores símbolos do Fatah na Faixa de Gaza, apesar dos pedidos de paciência feitos por Haniyeh. Na Cisjordânia, combatentes do Fatah queimaram escritórios do Hamas e alertaram para mais represálias caso seus comandantes sejam maltratados em Gaza.
Abbas negocia ajuda de força internacional
Abbas começou a discutir na sexta-feira com aliados internacionais, em particular com a União Européia (EU), a possibilidade de pedir uma força internacional para Gaza, que não se limitaria, como inicialmente previsto, a vigiar a fronteira com o Egito, mas iria atuar em todo o território. E enquanto o presidente palestino negociava neste sábado o encerramento do embargo liderado pelos Estados Unidos, centenas de partidários do Fatah abandonavam a Faixa de Gaza por terra e mar. Um alto funcionário palestino informou que um enviado norte-americano disse a Abbas durante encontro em Ramallah, que os EUA suspenderão o embargo à ajuda direta ao novo governo de emergência.
"Abbas foi informado de que a administração americana vai suspender as sanções imediatamente, assim que for anunciado o novo governo", disse o funcionário, enquanto Abbas se reunia com o cônsul-geral dos EUA, Jacob Walles.
A interferência estrangeira poderia aumentar ainda mais a disparidade entre Cisjordânia e Gaza, uma zona economicamente mais isolada e dependente de ajuda externa. Nas ruas de Ramallah, a divisão que gerou enfrentamentos entre facções dos dois grupos é vista com preocupação.
A antiga rivalidade deu lugar ao desejo de preservar a unidade do povo palestino. Agora, palestinos se dizem preocupados com a perspectiva de imposição de um governo religioso.