Para o filósofo alemão Ottfried Höffe, da Universidade de Tübingen, apesar das irregularidades, a ação americana foi válida do ponto de vista do Direito Internacional porque o chefe terrorista era um perigo para a humanidade. Em entrevista à Agência O Globo, ele comparou Bin Laden a Adolf Hitler.

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O que o filósofo Immanuel Kant diria sobre o assassinato de Bin Laden?

Kant estaria de acordo com o governo norte-americano. Embora muitos pensem o contrário, ele era a favor da pena de morte. O chefe de uma organização terrorista que causou a morte de tantas pessoas mereceu ser morto. O único erro, na minha opinião, foi ele ter sido exe­­cutado sem ser submetido a um jul­­gamento. Bin Laden é comparável a Adolf Hitler. Se alguém tivesse conse­­guido assassinar Hitler, como Claus Schenk von Stauffenberg tentou em 1944, ninguém teria nada contra essa ação do ponto de vista ético.

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Os crimes de Bin Laden são comparáveis aos que foram cometidos por Hitler?

Eu diria que há diferenças. Hitler mandou matar sistematicamente uma etnia, seis milhões de judeus. Ele declarou guerra contra quase toda a Europa. Mas Bin Laden é parecido com Hitler, um criminoso que não dava nenhum valor à vida humana.

Na sua opinião, foi correta, do ponto de vista do Direito Internacional, a ação militar em um país estrangeiro, assim como fez Israel com Adolf Eichmann, na Argentina, há cerca de 50 anos?

De acordo com os princípios de soberania do Direito Internacional, não. Mas devemos refletir sobre a situação específica. Naquela época, o governo argentino tolerou a ação de agentes israelenses, que capturaram Eichmann e o levaram diretamente para Israel, sem um julgamento e um pedido oficial de extradição, porque tratava-se de um assassino de milhões de pessoas.

O senhor acha correta a decisão do presidente Obama de não divulgar a foto de Bin Laden morto?

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Não sei dizer se é correta ou não. Mas eu imagino que os americanos tentem evitar que, com a divulgação da foto, Bin Laden adquira para os seus adeptos a imagem de um mártir.