Curitiba O cientista político Ely Ben Gal disse ontem, à Gazeta do Povo, que pela primeira vez, desde 1966, existe a possibilidade de num prazo de até dois anos surgir uma solução para a questão das fronteiras do Estado de Israel. Esta é a grande expectativa em relação ao novo governo, que será eleito hoje. Gal, que nasceu na França e já viveu no Brasil, é cidadão israelense e mora hoje num kibutz (comunidade rural com bens socializados), em Israel. Veja os principais trechos da entrevista do cientista político:
Gazeta do Povo As fronteiras propostas pelo primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, líder do Kadima, serão aceitas pelos palestinos?
Ely Ben Gal Os palestinos elegeram o Hamas, mais extremista. Tudo depende de a União Européia conseguir convencer os palestinos a aceitar as mudanças. Mas é possível que em um ou dois anos, pela primeira vez desde 1966, se chegue a uma solução para a questão das fronteiras do Estado de Israel.
O próximo premier terá mais ou menos dificuldades do que Ariel Sharon para dar andamento a um plano de paz?
Por enquanto, como vem se desenhando o resultado da eleição, parece que vai ser possível criar um governo estável, e que vai ficar mais fácil buscar a paz. Mas o resultado não será alcançado tão rapidamente. Temos três gerações de palestinos criados alimentando o ódio. A paz não é viável para esta geração, mas dá para criar uma situação que, pelo menos, acalme os ânimos.
Se confirmada a vitória do Kadima, como será a relação deste governo com o Hamas?
Oficialmente, o Hamas garante que não vai reconhecer o Estado de Israel, mas a situação vai o obrigar a isso. A maior parte do povo palestino quer uma solução para os problemas na região, apesar de ter votado no Hamas. Crianças estão morrendo de fome no lado palestino e isso está provocando uma busca pelo fim dos conflitos.
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