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O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, criticou o acordo da Cúpula de Copenhague anunciado na manhã deste sábado (19). "O resultado foi um dos dias mais tristes da minha vida", disse em entrevista à Globo News.

Minc atacou especialmente os Estados Unidos e a direção dinamarquesa da Cúpula. Ele reclamou das dificuldades de conseguir concessões dos diferentes países.

"O texto deixa muito a desejar", disse, alegando que pelo menos houve avanços na questão do controle do aumento da temperatura do mundo e na questão das florestas, que foram incluídas no acordo, com mecanismos de pagamento para que a floresta seja mantida de pé. Segundo ele, os Estados Unidos são os grandes responsáveis pelo que chamou de "fiasco". "É difícil", disse. "Um dia triste, de muita frustração."

"O Brasil obviamente nao está mal na fita. Foi reconhecido como um país que deu tudo, metas fortes, queda do desmatamento da Amazônia, o discurso de Lula saudado, mas apesar do esforço o resultado é muito pequeno face à urgência do mundo."

O documento, segundo ele, foi uma tentativa de "tirar leite de pedra", alegando que o maior poluidor histórico, os Estados Unidos, não estavam fazendo o suficiente.

Sem unanimidade

Um acordo negociado pelos ricos e emergentes do planeta para lutar contra a mudança climática e impugnada por um núcleo de países radicais foi obtido neste sábado (19)após horas de tensos debates e graças a um ardil diplomático que permitiu superar os obstáculos que impediam a adoção de um texto de consenso.

A Conferência da ONU sobre o Clima (COP15) optou por tomar nota do Acordo de Copenhague, conforme anunciou o presidente da sessão, no reinício de uma dramática interrupção matinal, desatando a ovação de uma grande parte dos presentes.

"O fato de 'tomar nota' dá um estatuto legal suficiente para que o acordo seja operacional sem a necessidade de uma aprovação por todas as partes", explicou à agência France Presse Alden Meyer, diretor da ONG americana Union of Concerned Scientists.

O texto se chocou com a oposição de um núcleo radical de países, formado por Cuba, Venezuela, Bolívia e Sudão, que criticaram a insuficiência das medidas e a exclusão da maioria dos países do processo decisório. Isso ameaçava adoção do texto obrigatoriamente por consenso, depois de uma noite de duros debates.

A solução chegou no início da manhã e nasceu sob a forma de uma declaração política sem o valor jurídico de um tratado propriamente dito.

O documento relaciona um número mínimo de questões de forma vaga, como o reconhecimento da necessidade de limitar o aumento da temperatura média do planeta em 2º C em relação a se nível pré-industrial.

Primeiro passo

"O acordo de Copenhague é uma etapa essencial para um futuro pacto", afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. "Talvez não seja tudo que esperávamos, mas esta decisão da conferência das partes é uma etapa essencial", declarou Ban à imprensa.

Este acordo, uma carta de intenções elaborada na véspera pelos chefes de Estado e de governo de 30 países industrializados, emergentes e em desenvolvimento, foi apresentado durante a madrugada ante o plenário da conferência.

A conferência da ONU varou a madrugada discutindo a proposta apresentada pelos Estados Unidos, União Europeia, China, Índia, África do Sul e Brasil.

A questão crucial da redução das emissões de gases de efeito-estufa a médio prazo (2020) será decidida em janeiro, segundo o texto. Os objetivos a longo prazo (2050) não são sequer mencionados.

Também reflete o compromisso dos Estados Unidos de conceder US$ 3,6 bilhões (R$ 6,5 bilhões) aos países mais vulneráveis para que se adaptem aos impactos da mudança climática e a necessidade de mobilizar fundos em torno dos 100 bilhões de dólares anuais em 2020.

As contribuições prometidas serão feitas em esquema de "fast-track", para ajudar os países pobres a mudarem sua matriz energética poluidora e a se adaptarem às mudanças climáticas.

Críticas

O texto do acordo também estabelece que os países deverão providenciar "informações nacionais" sobre de que forma estão combatendo o aquecimento global, através de "consultas internacionais e análises feitas sob padrões claramente definidos".

O acordo final costurado de última hora pelos líderes mundiais foi considerado o "pior da história", segundo o delegado do Sudão, Lumumba Stanislas Dia-Ping, cujo país preside o G77, que reúne os 130 países em desenvolvimento.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no entanto, qualificou o compromisso de significativo, embora insuficiente. "Não é suficiente para combater a ameaça da mudança climática, mas é um primeiro passo importante", declarou ele antes de deixar Copenhague.

Como Obama, muitos países admitiram que o conteúdo do texto alcançado é insuficiente, mas aceitaram o documento como uma forma de fazer avançar na negociações, tirando o processo do estancamento.

"Um passo à frente é muito melhor do que um passo atrás", afirmou o representante da Noruega.

Frustração

Antes do anúncio do acordo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confessou sua frustração em relação às negociações e garantiu que o Brasil está disposto a fazer sacrifícios para financiar os países pobres.

"Vou dizer isso com franqueza e em público, o que não disse ainda em meu próprio país, que sequer disse a minha equipe aqui, que não foi apresentado nem diante de meu Congresso. Se for necessário fazer mais sacrifícios, o Brasil está disposto a colocar dinheiro para ajudar os outros países".

Lula condicionou a contribuição a um sucesso concreto em Copenhague: "Estamos dispostos a participar nos mecanismos financeiros se alcançarmos um acordo sobre uma proposta final nesta conferência".

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