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linguística

Adaptação leva até dois anos, diz especialista

Seul, a capital da Coreia do Sul: palavras do Norte viram brincadeira. | Jeon Heon-Kyun/Efe
Seul, a capital da Coreia do Sul: palavras do Norte viram brincadeira. (Foto: Jeon Heon-Kyun/Efe)

Linguistas dizem que os desertores norte-coreanos levam cerca de dois anos para se sentirem confortáveis em uma conversa na Coreia do Sul. A distância aumenta quando se trata de termos técnicos usados em contextos médicos ou de tecnologia, afirma o linguista sul-coreano Han Yong-un. Cerca de dois terços dos termos médicos são diferentes, segundo ele. “Eu acho que os médicos das Coreias do Norte e do Sul não podem trabalhar juntos na mesma sala de cirurgia”, afirma.

Nos últimos 10 anos, há esforços para produzir um dicionário conjunto contendo cerca de 330 mil palavras dos dois países, um raro exemplo de cooperação. Mas as tensões políticas têm interferido. Os encontros foram retomados em julho do ano passado, depois de mais de quatro anos de hiato, após um navio de combate sul-coreano ser afundado em 2010. Uma nova rodada de encontros, prevista para o mês passado, não aconteceu porque a Coreia do Norte rechaçava os exercícios militares realizados pelos EUA na região.

Mesmo especialistas em língua dos dois países têm dificuldades para se entender. Durante o encontro do ano passado em Pyongyang, o linguista sul-coreano Kim Byungmoon disse que tentava explicar como os sul-coreanos usavam a palavra inglesa “glamour” como um substantivo para se referir a uma mulher voluptuosa, mas os pesquisadores norte-coreanos tinham dificuldade para compreender.

Diante dos sistemas políticos e econômicos completamente diferentes entre os dois países, também leva tempo para entender as conotações e associações que algumas palavras carregadas de emoções possuem.

Na Coreia do Sul, “spec” se refere às qualificações dos universitários para conseguir um emprego. Os norte-coreanos podem aprender o significado literal, mas levam tempo para entender o estresse associado à palavra para os sul-coreanos jovens em busca de trabalho, diz Jeon Young-sun, pesquisador da Universidade Konkuk, em Seul.

Na Coreia do Sul, há dificuldades para entender o impacto emocional de “saenghwal chonghwa”, os encontros entre os habitantes do Norte nos quais as pessoas refletem sobre seu comportamento e criticam umas às outras. O termo significa “grupos de discussões na vida cotidiana” no Norte e não é usado na Coreia do Sul.

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