O advogado do suspeito por crimes de guerra Ratko Mladic informou hoje que apresentou um recurso legal contra a prisão do ex-general. O recurso deve retardar a extradição de Mladic em pelo menos um dia.
O advogado Milos Saljic também pediu uma equipe médica para examinar seu cliente, de 69 anos. Ele havia dito momentos antes que o ex-general está tão doente que não viverá até o fim do julgamento, onde enfrentará acusações de genocídio.
O ex-general foi preso na semana passada, após ter passado 16 anos como fugitivo da Justiça. Há uma versão segundo a qual ele teria sofrido pelo menos dois ataques de apoplexia.
Saljic disse que enviou sua apelação por correio hoje, de uma sede postal em Belgrado. Os funcionários judiciais terão agora que esperar a chegada do documento para revisá-lo, antes de prosseguir com o caso. Apesar disso, o vice-promotor de crimes de guerra da Sérvia, Bruno Vekaric, acusou Mladic e seu advogado de empregarem manobras protelatórias e disse que nada evitará a extradição para o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, em Haia (Holanda).
O tribunal da ONU apresentou acusações contra Mladic por genocídio em 1995. Também acusou-o por orquestrar o massacre de 8 mil homens e meninos muçulmanos em Srebrenica, e por outros crimes de guerra durante o conflito armado na Bósnia, entre 1992 e 1995.
Ontem, alguns manifestantes lançaram pedras e garrafas em Belgrado, ao se enfrentarem com policiais armados, após vários milhares de nacionalistas partidários de Mladic se reunirem em frente ao edifício do Parlamento para exigir sua libertação.
Até o momento em que a multidão se dispersou, à noite, cerca de 180 pessoas haviam sido detidas. Outras 43 ficaram feridas, em sua maioria policiais. As prisões são uma vitória para o governo pró-Ocidente, que preferiu prender Mladic e arriscar-se a enfrentar a fúria da velha guarda nacionalista, em um país com histórico de protestos muito maiores e mais violentos.