CARACAS e CIDADE DO MÉXICO - O presidente mexicano, Vicente Fox, ordenou na tarde desta segunda-feira a retirada de seu embaixador na Venezuela, Enrique Manuel Loaeza, em meio a uma crise diplomática entre os dois países.
- Tínhamos estabelecido que em 24 horas retiraríamos nosso embaixador. De fato já vamos fazê-lo e simplesmente tratar de manter a relação com o povo venezuelano - disse Fox, cuja ordem foi dada após a Venezuela retirar seu embaixador no México, , Vladimir Villegas.
O governo venezuelano qualificou como uma "agressão sem sentido" o ultimato do governo do México, exigindo desculpas formais de Caracas, depois dos "insultos" do presidente Hugo Chávez ao colega mexicano.
A crise diplomática começou depois que Chávez chamou Fox de "filhote do império" e "entreguista aos EUA", na polêmica entre ambos pela criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A Alca é uma iniciativa impulsionada pelos EUA e apoiada pelo México e outros 27 países, embora seja rejeitada por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
Em seu programa dominical de rádio e televisão, Chávez voltou ao ataque, sugerindo que Fox "não se meta" com ele. O líder de Caracas disse, ainda, que o presidente americano, George W. Bush, saiu com o "rabo entre as pernas" da cúpula.
Em nota, nesta segunda-feira, o ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Alí Rodríguez, acusou o presidente do México, Vicente Fox, de distorcer a realidade ao dizer que o governo venezuelano dificulta a integração da América Latina.
"Não há nenhuma justificativa para a posição assumida pelo presidente Fox", disse o ministro, de acordo com a imprensa venezuelana, acrescentando que não houve nenhuma agressão ao povo do México.
Alí Rodríguez também afirmou que os atritos entre os governos de ambos os países são de inteira responsabilidade de Fox e disse que, por trás das divergências, está a opinião de cada governo sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A formação do mercado comum foi discutida na semana passada, durante a Cúpula das Américas, em Mar del Plata, na Argentina.
"Desde sua chegada a Mar Del Plata, Fox fez públicos os seus ataques à posição sustentada pelo governo venezuelano durante as negociações preparatórias para a Cúpula (...). Uma vez concluída a cúpula, novamente o presidente Fox atacou a posição venezuelana em termos desrespeitosos (...)"
O chanceler assegurou que o governo venezuelano esperou pacientemente por alguma expressão positiva por parte do presidente Fox.
"Diante do silêncio foi necessário dar uma resposta. Foi o que aconteceu", justificou.
Em seu programa dominical de rádio, o presidente Hugo Chávez disse neste final de semana que Fox não se metesse com ele, o que desencadeou um pedido do México de desculpas públicas.
Rodríguez, no entanto, disse que tanto Fox quando Chávez tem seu estilo próprio de debater.
Apesar da retirada do embaixador venezuelano do México, o chanceler avisou que a Venezuela não irá romper relações com o país vizinho.
"As relações serão mantidas mas, como queria o governo mexicano, em um nível mais baixo que o de embaixadores. Mas quero ser enfático: não haverá uma ruptura das relações", esclareceu, afirmando que as chancelarias de ambos os países continuarão trabalhando na resolução do impasse diplomático.
Rodríguez também informou que não há planos imediatos para um reunião entre Fox e Chávez, mas destacou que, caso o presidente mexicano queira visitar o país, será recebido com todo o carinho com que o povo venezuelano sempre tratou os representantes de povos irmãos".
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