A agricultura com baixa emissão de carbono pode conter o aquecimento global ao mesmo tempo em que aumenta a produção de alimentos nos países em desenvolvimento, por isso deve ser recompensada no acordo global sobre o clima em dezembro, afirmou a agência de alimentação da ONU.

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Medidas para reduzir as emissões de carbono em fazendas nas nações em desenvolvimento também poderiam aumentar as safras onde o alimento é pouco, disse a Organização para Agricultura e Alimentação (FAO) em um relatório divulgado nesta quinta-feira.

Mais de 1 bilhão de pessoas estão subnutridas e o mundo terá de alimentar mais 3 bilhões até 2050, boa parte em áreas que se prevê serão as mais afetadas por mudanças climáticas, dizem especialistas.

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Determinadas práticas agrícolas podem resolver ambos os problemas, segundo a FAO. Por exemplo: conservando pastos saturados e cuidando dos solos. Mas isso envolve custos.

"Uma parte essencial do problema é a falta de financiamento," disse Leslie Lipper, economista da FAO e co-autora do relatório "Segurança Alimentar e Mitigação pela Agricultura em Países em Desenvolvimento," publicado durante as conversas sobre o clima que se iniciaram no dia 2 e vão até 6 de novembro, em Barcelona.

"Se adotadas pelos agricultores, muitas dessas práticas os beneficiarão, mas no curto prazo eles podem enfrentar redução de renda," disse Lipper, usando o exemplo de remoção do gado para permitir a recuperação de pastos.

A agricultura mal foi mencionada nas conversas em Barcelona - a sessão preparatória final antes da cúpula de Copenhague, em dezembro, cujo objetivo é formalizar um acordo mundial sobre clima para substituir ou prorrogar o Protocolo de Kyoto.

A agricultura responde por 10 a 12 por cento das emissões diretas de gases do efeito estufa, não incluindo a sua participação no desmatamento, segundo um painel da ONU de cientistas especializados em clima.

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Um estudo da FAO deste ano calcula em 210 bilhões de dólares o investimento extra na agricultura necessário para elevar a produção entre hoje e 2050.

Parte dos recursos para a adoção de práticas de baixo carbono poderia vir de mercados de carbono, nos quais nações ricas pagariam por reduções de emissões em países em desenvolvimento para compensar as próprias emissões.

A agricultura de baixo carbono em países em desenvolvimento poderia atrair até 30 bilhões de dólares por ano por meio desse esquema de financiamento, segundo o estudo divulgado pela FAO.

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