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O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse na quarta-feira que os planos para segregar estudantes homens e mulheres nas universidades do país precisam ser suspensos, delineando outra batalha em sua disputa em curso com rivais tradicionalistas.

Como parte de uma campanha mais ampla para afirmar os valores islâmicos nas faculdades do Irã, o ministro encarregado do ensino superior disse que, a partir do reinício das aulas, em setembro, os alunos homens e mulheres devem ter aulas separadas.

Mas, em mensagem postada em seu site na Internet, Ahmadinejad disse que a política precisa ser barrada.

"Foi dito que, em algumas universidades, as aulas e disciplinas estão sendo segregadas, sem levar em conta as coincidências", disse ele no site dolar.ir.

"São necessárias ações urgentes para impedir essas ações superficiais e não acadêmicas."

A oposição de Ahmadinejad à segregação por sexos vai desagradar ainda mais a seus críticos conservadores e religiosos, que vêm se manifestando cada vez mais abertamente contra ele e seu círculo de assessores, dizendo que pertencem a uma "corrente desviante" que prioriza o nacionalismo secular em lugar do islã, criando uma potencial ameaça ao governo clerical do Irã.

Visto por muitos no Ocidente como representante da linha dura extrema, devido a suas declarações contra Israel e à recusa do Irã em limitar seu programa nuclear, em seu país o populista Ahmadinejad é superado na direita por ultraconservadores que consideram que ele não vem aderindo suficientemente aos valores da revolução islâmica.

O ministro das Pesquisas Científicas e Tecnologia, Kamran Daneshjou, disse que o Irã vai separar os sexos nas universidades a partir do início do ano letivo, em 23 de setembro.

"Depois da implementação do hijab (traje islâmico) e do Plano de Castidade, as aulas universitárias serão separadas entre homens e mulheres. Se não houver instalações necessárias para a separação, os estudantes de cada sexo vão se sentar em fileiras separadas", disse ele, segundo o diário IRAN.

Mais de metade dos 3,7 milhões de estudantes iranianos são mulheres, que estudam lado a lado com seus colegas homens, e o ensino vem virando foco da atenção de conservadores que querem afastar o que vêem como sendo valores ocidentais corrosivos entre os jovens nascidos muito após a revolução islâmica de 1979.

Atendendo a orientações do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, o Irã já está revendo os currículos de determinados cursos vistos como ocidentais demais, incluindo o direito, filosofia, psicologia e ciências políticas, para assegurar que não contradigam os ensinamentos islâmicos.

Ahmad Khatami, influente clérigo conservador que regularmente comanda as orações da sexta-feira em Teerã, manifestou-se em favor da segregação.

"Com que lógica o reitor de uma universidade de Teerã deveria ser repreendido por separar as classes entre homens e mulheres? Deveríamos lhe dar uma medalha."

Em entrevista à televisão no ano passado, Ahmadinejad disse que mulheres que deixam de cobrir seus cabelos completamente em público não deveriam ser incomodadas pela polícia.

Mas a implementação do código de vestimenta islâmica vem sendo mais rígida desde a eleição dele em 2005, e a "polícia da moralidade" lança operações anuais de repressão a mulheres que não se trajam com suficiente modéstia.

O chefe de gabinete de Ahmadinejad, Esfandiar Rahim-Mashaie, principal alvo dos adversários da chamada "corrente desviante", declarou publicamente que as mulheres ainda enfrentam "opressão" no Irã.

Khamenei descreveu as disputas internas entre facções rivais da elite governante antes da eleição parlamentar como presente de propaganda política aos inimigos externos do Irã.

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