Durante a campanha eleitoral na Espanha, o vice-diretor do Mestrado em Comunicação Política e Corporativa da Universidade Navarra, em Madri, Jordi Rodríguez Virgili, publicou análises em meios de comunicação do país sobre o desempenho dos candidatos. Em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo, o pesquisador espanhol destaca que o tom evasivo do primeiro-ministro eleito, Mariano Rajoy, pode ser seu grande trunfo. Sem ter detalhado muito as propostas, ele fica mais à vontade para tomar medidas duras ao enfrentar a crise.
A mudança na política do país pode favorecer o contexto econômico da Espanha?
Sim. Porque pode lançar uma mensagem de confiança aos mercados. Sem dúvida, a crise tem um caráter internacional e envolve a moeda, a zona do Euro. Mas uma mudança de governo, sobretudo após conseguir maioria absoluta, pode favorecer o início da recuperação. Os problemas básicos que são o crescimento e, consequentemente, a competitividade e a criação de empregos são uma batalha cujos resultados vão demorar a ser vistos, serão a longo prazo.
Quais são as iniciativas mais urgentes que o novo governo precisa tomar?
Mariano Rajoy, que conseguiu chegar ao fim da corrida eleitoral sem especificar quase nenhuma medida, já anuncia uma política de choque. De fato ele adiantou a natureza contundente de suas primeiras decisões: "Minha primeira medida será uma mensagem de austeridade ao país e à Europa e de que vamos levar a sério". A mensagem de mudança que é o lema e centro da sua campanha deverá ser confirmada no governo. Essas medidas de austeridade e seriedade que propõe deverão ser rápidas, tangíveis e simbólicas.
Alguns especialistas dizem que Rajoy não tem falado muito de suas propostas para não gerar temor. O senhor concorda?
Creio que um dos êxitos da campanha do PP é que termina sem grandes promessas. Rajoy e sua equipe não sabem com o que vão se deparar quando chegarem a La Moncloa [palácio sede do governo]. Por isso, quanto
menos compromisso e menos específicos forem, mais margem de manobra terão para enfrentar a grave situação na Espanha. Eles têm falado de muita mudança, de princípios orientadores (como austeridade e apoio às pequenas e médias empresas) e valores (trabalho, esforço), mas sem dar muitos detalhes. (JN)
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