A milícia radical islâmica somali Al Shabab assumiu neste sábado a autoria do ataque armado contra um centro comercial em Nairóbi e garantiu que matou "mais de cem" pessoas na ação em represália à presença de militares do Quênia na missão da ONU na Somália.

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A Cruz Vermelha queniana informou que pelo menos 68 pessoas morreram. Os terroristas seguem no shopping com um número indeterminado de reféns.

"Al Shabab confirma que está por trás do espetáculo de Westgate", afirmou o grupo em sua conta no Twitter.

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"Os mujahedin (guerrilheiros islâmicos) entraram no centro comercial de Westgate hoje por volta do meio-dia e seguem dentro do complexo, lutando contra os kuffars (palavra depreciativa que alguns muçulmanos usam para se referir aos infiéis) quenianos em seu próprio terreno", disse outra mensagem da milícia.

"Desde nosso último contato, os mujahedin de dentro do centro comercial confirmaram que mataram mais de 100 kuffars quenianos, e a batalha continua", acrescentou a Al Shabab.

O grupo disse que atuou em represália pela presença das Forças Armadas do Quênia na Somália como parte da missão da ONU de apoio ao governo deste país contra as milícias islamitas como a Al Shabab.

"As forças de defesa do Quênia atuam na Somália e isto tem consequências. Se aproximam dias negros", disse a organização.

A milícia fundamentalista ameaçou realizar novas ações: "Ontem foi uma embaixada. Hoje foi um centro comercial. Amanhã? Talvez um estádio de futebol lotado?".

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Horas antes, também por meio do Twitter, a milícia afirmou que o ataque de Nairóbi seria uma "longa odisseia".

"Lembram de Bombaim? Vai ser uma longa odisseia", alertaram os terroristas, em alusão aos ataques em 2010 a hotéis de luxo, estações de trens e um centro cultural judaico na cidade indiana, que terminaram com 166 mortos após o grupo fazer centenas de reféns.

"Mogadíscio e Nairóbi estão tendo seu momento Bombaim", acrescentou a organização, recordando novamente os ataques ocorridos na cidade indiana e atribuídos a um grupo terrorista paquistanês.

Momentos antes da publicação desta mensagem, um ataque com granadas provocou dezenas de feridos na capital somali.

O grupo

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O ataque ao shopping Westgate, em Nairóbi, é a ação mais ousada e visível do grupo somali Al Shabab ("A Juventude"), afiliado à Al Qaeda.

O grupo, surgido em 2006 a partir de facções tribais, sempre foi próximo à Al Qaeda. Em fevereiro de 2012, porém, eles divulgaram um vídeo oficial jurando lealdade ao egípcio Ayman al-Zawahiri, sucessor escolhido pessoalmente por Osama Bin Laden e líder da Al Qaeda desde sua morte, em 2011.

Segundo o Centro Nacional de Contraterrorismo, um órgão oficial dos Estados Unidos, existem relatos de que os líderes do Al Shabab são treinados no Afeganistão.

Eles dominam principalmente cidades rurais na região sul da Somália, que faz fronteira com o Quênia, desde 2006. Lá, impõem uma interpretação especialmente radical do islamismo, que inclui penas como o apedrejamento de mulheres e a amputação de mãos de criminosos.

Por algum tempo, o grupo teve base em Mogadício, a capital somali, mas foi expulso em 2011. Há um ano, o Al Shabab também perdeu seu domínio sobre o porto de Kismayo, onde obtinha parte importante de seu financiamento por meio de impostos.

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