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Entrevista

Além do preparo, a sorte

Gazeta do Povo – Como o Japão conseguiu reduzir os estragos do terremoto?

Renato Lima – A proporção dos estragos de um terremoto depende da profundidade em que houve a ruptura de placas (no caso de ontem a 42 quilômetros da superfície) e da preparação da sociedade para o fenômeno. A marca de 7,2 graus na escala Richter indica a energia liberada no ponto da ruptura. Dois terremotos da mesma intensidade podem provocar danos de proporções diferentes. O Japão tem uma preparação muito boa para sismos. Edifícios, pontes, viadutos são sismo-resistentes. Além disso, a população japonesa recebe sistematicamente orientação sobre o que fazer mesmo quando não é possível chegar a um lugar aberto.É possível neutralizar os estragos em áreas de grande concentração demográfica?Até uns 6,5 graus na escala Richter, é possível neutralizar os estragos. Depois disso, a resistência das construções é menor. Mas a preparação da população sempre traz resultados, independentemente da intensidade do tremor.

Países como o Brasil estão desprotegidos?Em relação a sismos, sim, porque o país fica numa região considerada estável. Em relação a outros fenômenos, como deslizamentos, inundações, vendavais, estamos melhorando nossa preparação. É necessário um envolvimento cada vez maior da sociedade. Quando as pessoas estão preparadas, as conseqüências são menos graves, mesmo quando não é possível detectar o fenômeno com antecedência. O atendimento às vítimas é mais eficiente. Ocorrem menos mortes.

A região do Chile está preparada para terremotos?Na América do Sul, toda a região andina enfrenta risco de terremotos. Existe uma boa preparação, especialmente no Chile, que enfrentou o maior terremoto já registrado (em 1960, quando um tremor de 9,5 graus na escala Richter atingiu a capital Santiago e a cidade de Concepción, matando 5 mil pessoas e deixando 2 milhões de desabrigados). Mas o sistema ainda pode melhorar.

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