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Migrantes desembarcam em estação de trem em Munique, na Alemanha | MICHAEL DALDER/REUTERS
Migrantes desembarcam em estação de trem em Munique, na Alemanha| Foto: MICHAEL DALDER/REUTERS

Alemanha e na Áustria se esforçavam para absorver rapidamente milhares de novos imigrantes que chegam neste fim de semana, depois que os dois países concordaram em permitir que pessoas presas na Hungria atravessassem suas fronteiras.

No sábado, cerca de 6.500 migrantes tinham entrado pela região de Burgenland, na Áustria, perto da fronteira húngara, de acordo com um porta-voz do Ministério do Interior austríaco. Cerca de 1.000 foram levados a um abrigo temporário na cidade fronteiriça de Nickelsdorf, enquanto cerca de 3.500 estavam à espera na estação ocidental de Viena. O outros migrantes continuaram sua viagem para a Alemanha de trem, disse o porta-voz.

Grã-Bretanha usará orçamento de ajuda internacional para abrigar refugiados sírios

A Grã-Bretanha vai usar parte do seu orçamento de auxílio internacional para ajudar a cobrir os custos de acomodação de refugiados chegando da Síria, disse o ministro das Finanças neste domingo, numa tentativa de conter as preocupações do público com o impacto nos serviços locais.

O primeiro-ministro, David Cameron, afirmou na sexta-feira que o país receberia “milhares mais” de refugiados sírios, depois de a reação à imagem de uma menino sírio morto numa praia da Turquia tê-lo colocado sob pressão para agir.

Anteriormente, Cameron não quis se comprometer em aceitar mais refugiados, com o aumento do número de pessoas chegando à Europa.

Neste domingo, o ministro da Finanças, George Osborne, afirmou que a Grã-Bretanha usará parte do seu orçamento para ajuda internacional, equivalente a 0,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), para auxiliar autoridades locais a cobrir os custos com os recém-chegados.

“A ajuda internacional que temos...pode proporcionar suporte no primeiro ano para esses refugiados, pode ajudar os conselhos locais com coisas como moradia”, disse ele à BBC.

Cameron não disse quantos refugiados receberia, mas uma porta-voz da agência de refugiados das Nações Unidas afirmou que a Grã-Bretanha receberá 4.000 sírios.

Na Áustria, a polícia bloqueou o tráfego em uma das principais rodovias que liga a Hungria ao país, para prevenir acidentes com migrantes que andavam pela estrada, de acordo com o porta-voz do Ministério do Interior. Milhares marcharam durante a noite de Budapeste sobre a fronteira com a Áustria.

A Alemanha, que tinha previsto inicialmente até 7.000 recém-chegados para este fim de semana, estava trabalhando para distribuí-los por todo o país. Líderes da coalizão de governo da chanceler Angela Merkel agendaram uma reunião para a noite deste domingo para elaborar planos e assegurar financiamento para abrigar os estrangeiros. O país parece permanecer como o destino preferencial para muitos imigrantes, em especial os sírios, após de ter recebido milhares de pessoas na semana passada.

Autoridades alemãs e austríacas disseram que o número de migrantes era incerto e pode mudar, uma vez que não estava claro o volume de pessoas que ainda poderiam sair da Hungria em direção aos dois países. No entanto, a estimativa original de chegada de imigrantes para o fim de semana na Alemanha já tinha sido ultrapassado no início de domingo. Autoridades disseram que cerca de 6.870 pessoas chegaram em Munique, no sábado. Outras 1200 chegaram nas primeiras horas do domingo, metade das quais foram enviados para a cidade de Dortmund, no norte do país.

Premiê de Israel rejeita pedido para que aceite refugiados sírios

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou neste domingo um pedido do líder da oposição israelense para que o país dê abrigo a refugiados sírios, dizendo que o país é muito pequeno para recebê-los.

As imagens recentes de milhares de refugiados embarcando e desembarcando de trens na Europa em busca de um local para escapar do conflito no Oriente Médio sensibilizaram Israel, um Estado criado três anos depois do Holocausto nazista, em que seis milhões de judeus morreram.

Isaac Herzog, líder do principal partido de oposição, fez um apelo aos governantes israelenses para que “absorver refugiados dos combates da Síria”, um vizinho que Israel considera inimigo.

Em declarações públicas numa reunião do gabinete, Netanyahu declarou que Israel não é “indiferente à tragédia” dos refugiados sírios e disse que os hospitais do país tratam feridos da guerra civil.

“No entanto, Israel é um Estado muito pequeno. Não tem alcance geográfico e nem demográfico”, disse o premiê, de direita, sugerindo que aceitar refugiados árabes iria atingir o equilíbrio demográfico em um Estado predominantemente judeu, onde cerca de um quinto da população de 8,3 milhões é formada por cidadãos árabes.

Embora não tenha havido pedidos internacionais para que Israel abra as suas fronteiras para sírios, Herzog disse que o premiê tinha o dever moral de aceitar refugiados. 

O prefeito de Munique, Dieter Reiter, disse que espera receber mais de 1.500 refugiados hoje. Funcionários estão na esperança de reduzir o número de chegadas concentradas na cidade, já que alguns imigrantes foram enviados diretamente para outros locais na Alemanha. “Este é um grande desafio, não há nenhuma dúvida sobre isso. Nunca tantas pessoas chegaram à estação ferroviária central de Munique. Nós vamos despachar muitas pessoas para outras partes da Alemanha”, disse Simone Hilgers, um porta-voz do governo do distrito da Alta Baviera.

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Ms. Hilgers disse que Munique poderia acomodar cerca de 4.500 pessoas por noite, antes de serem expedidos para outras regiões. “A equipe médica dizem que precisam de descansar, as pessoas precisam se acalmar”, disse ela. A polícia tem 70 funcionários na estação de trem de Munique para garantir um bom funcionamento, disse um porta-voz.

Alemanha recebe refugiados com comida e placas de boas-vindas

O alemães levaram comida, água, roupas e placas de boas-vindas, em alemão, inglês e árabe, à estação de trem em Munique onde centenas de imigrantes chegaram em busca de asilo neste sábado (5). O cenário foi um alívio para os refugiados após uma longa travessia pela Hungria, onde muitos relataram ter passado fome e sede.

A recepção calorosa incluiu ainda uma salva de palmas e brinquedos para as crianças. Cerca de 450 imigrantes chegaram em um trem especialmente fretado para trazê-los da Áustria, que abriu a fronteira para a multidão que fazia a travessia de 170km a pé desde a capital húngara.

A Alemanha, uma das economias mais prósperas da Europa, é o destino final almejado por muitos dos refugiados da Síria, Afeganistão e países do norte da África. O governo de Angela Merkel espera 800 mil pedidos este ano, à frente de qualquer outro país europeu.

Segundo a polícia alemã, cerca de 6.000 imigrantes chegaram em Munique somente no sábado e outros 1.800 deveriam chegar até este domingo. A estação da cidade é o destino principal da maioria dos trens vindos da Áustria, que estima que cerca de 13 mil refugiados passaram neste fim de semana por seu território rumo à Alemanha.

Em menos de 48 horas, as autoridades da cidade alemã adaptaram três centros de convenções próximos à estação de trem em abrigos. Há ainda planos de repartir a onda de imigrantes entre Munique e a Baviera.

Grupos de ultradireita tentaram organizar protestos contra a chegada dos refugiados, mas o esforço dos voluntários e a ação da polícia minaram os atos em Munique e Dortmund.

O governo da Baviera também se organiza para receber os refugiados, embora tenha se declarado contrário à decisão de Merkel de abrir as fronteiras para os imigrantes.

Os imigrantes retribuíram a recepção carregando placas de “obrigado, Alemanha” e fotos da chanceler alemã.

“Eu disse para mim mesma: ‘Preciso fazer algo’”, disse ao jornal “New York Times” Silvia Reinschmiedt, dona de uma escola de Munique. Ela entregava chá quente para os imigrantes.

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