Ramallah, Cisjordânia - O rei da Jordânia demitiu seu gabinete de governo e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) prometeu realizar eleições que vinham sendo seguidamente adiadas, tudo em um momento no qual os aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio sofrem pressão para que promovam reformas democráticas em meio ao levante popular no Egito.
A pressão ocidental por reformas políticas na região fracassou em diversas ocasiões no passado recente e resultou no fortalecimento dos islâmicos em detrimento de grupos moderados pró-Estados Unidos.
A revolta da população egípcia contra o presidente Hosni Mubarak, a apenas alguns meses de completar 30 anos no poder, traz à tona duas questões mais urgentes: o levante se espalhará e provocará instabilidade em outros países? Ele ajudará a fomentar a democracia no mundo árabe?
Na Síria, uma campanha pela internet convoca manifestações antigovernamentais para amanhã e sábado. No Sudão, circulam pela internet mensagens chamando para um protesto hoje. No Iêmen, o presidente Ali Abdullah Saleh anunciou que não será candidato em 2013 numa tentativa de acalmar os opositores.
Na Jordânia, Abdullah II enfrenta encarniçada oposição da Irmandade Muçulmana, um movimento pan-árabe de fundamentalistas islâmicos com raízes no Egito, onde o grupo é ferrenho opositor de Mubarak. O Hamas é a facção palestina do movimento.
Na terça-feira, Abdullah II cedeu à pressão do público por reformas e demitiu seu governo depois dos protestos inspirados nos recentes acontecimentos no Egito e na Tunísia. O monarca instruiu o novo primeiro-ministro, Marouf al-Bakhit, a corrigir os erros do passado e promover "uma reforma política verdadeira, que aumente a participação popular no processo de decisão".
Grupos de oposição desqualificaram as mudanças como cosméticas. "Nós rejeitamos o novo primeiro-ministro e continuaremos a protestar até que nossas exigências sejam atendidas", declarou, Hamza Mansour, líder da Frente de Ação Islâmica, maior grupo de oposição ao governo da Jordânia.
A oposição jordaniana declara não buscar mudança de regime, mas quer restringir os poderes do rei. A constituição jordaniana dá ao monarca autoridade exclusiva para indicar primeiros-ministros, dissolver o Parlamento e governar por decreto; a oposição defende que o cargo de primeiro-ministro seja ocupado por líder eleito pela maioria parlamentar.
Abbas tem temores similares. Desde que o Hamas consolidou seu poder em Gaza, Abbas passou a reprimir os grupos islâmicos estabelecidos na Cisjordânia, o que levou à limitação das liberdades democráticas no território. Suas forças de segurança constantemente promovem ações contra ativistas do Hamas e batidas em instituições aliadas.
Na Argélia, enquanto isso, o governo advertiu aos organizadores de um enorme protesto planejado para ocorrer na capital do país em 12 de fevereiro que eles serão responsabilizados se a passeata tornar-se violenta e proibiu a manifestação.