Brasil condena ação e pede desarmamento nuclear
O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota ontem condenando "veementemente" o teste nuclear realizado pela Coreia do Norte. "O teste viola a Resolução 1.718, adotada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 14 de outubro de 2006", diz a nota.
- Obama pede ação internacional
Nova Iorque - A Coreia do Norte foi alvo ontem de forte condenação de líderes mundiais e do Conselho de Segurança (CS) da ONU pelo teste nuclear que realizou na noite de domingo, ato que violou resoluções anteriores do órgão e os próprios compromissos de Pyongyang. Uma resposta prática ao regime do ditador Kim Jong-il ainda não havia sido definida ontem à noite.
Horas depois do teste, o país testou também três mísseis de pequeno alcance. Uma reunião de emergência do CS da ONU foi convocada pelo Japão durante a tarde, e os países seguiam tentando elaborar reação conjunta ao regime do ditador Kim Jong-il à noite.
"Os membros do CS expressaram sua forte oposição e condenação ao teste nuclear conduzido pela República Democrática Popular da Coreia em 25 de maio de 2009, que constitui uma clara violação da Resolução 1.718, diz a nota do grupo. A Resolução 1.718 foi elaborada em condenação a outro teste nuclear, realizado pelos norte-coreanos em outubro de 2006, e incluía sanções e proibição a novas explosões.
Os eventos de ontem indicam que ela foi ineficaz, assim como a estratégia adotada até agora de pressões e encorajamentos financeiros a Pyongyang. Ainda assim, os membros do conselho "decidiram começar a trabalhar imediatamente em nova resolução.
Impasse
Novas sanções, porém, além de terem impacto questionável dado o já altíssimo nível de isolamento do país, poderão ser vetadas pela China, maior parceira comercial de Pyongyang.
Foram, contudo, vistas ontem como positivas as falas de Pequim, que exigiu "que a Coreia do Norte obedeça a suas promessas de desnuclearização, pare quaisquer ações que possam piorar a situação e retorne à negociação de seis países (Coreia do Norte, EUA, China, Japão, Rússia e Coreia do Sul). Rússia, França e outros seguiram caminho similar.
Potência
A explosão do artefato nuclear não foi surpresa. Pyongyang havia dito que reativaria seu programa nuclear depois de ver o endurecimento das sanções ao país.
Mais duas razões vêm sendo apontadas para o teste de ontem. A primeira é fortalecer o objetivo estratégico da Coreia do Norte de tornar permanente seu status de nação nuclear os EUA rejeitam. A segunda está ligada à questão da sucessão no governo: acredita-se que Kim Jong-il esteja com saúde frágil e que tema que atores externos se aproveitem da situação para desestabilizar o país.
A força da explosão de ontem é incerta. Os EUA pediram alguns dias para verificar a força da explosão, mas a Rússia a estimou entre 10 e 20 quilotons, na mesma categoria das bombas que arrasaram Hiroshima e Nagasaki na Segunda Guerra Mundial.
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Reação internacional
"A China exige com veemência que a Coreia do Norte cumpra suas promessas de desnuclearização e cesse quaisquer ações que possam agravar a situação."
Nota do governo chinês
"Ao atuar em aberto desafio do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Coreia do Norte desafia direta e irresponsavelmente a comunidade internacional."
Barack Obama, presidente dos EUA
"O teste constitui uma clara violação da Resolução 1.718 de 2006 do Conselho de Segurança, que obriga a Coreia do Norte a não realizar testes nucleares."
Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU
"Não temos qualquer cooperação (com a Coreia do Norte) nesta área. Nos opomos a produção, armazenamento e proliferação das armas de destruição em massa."
Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã
"Nós consideramos o teste realizado pela Coreia do Norte uma provocação e o condenamos firmemente."
José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia
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