Dois irmãos com dupla nacionalidade - uma brasileira que mora nos Estados Unidos e um norte-americano que mora no Brasil - terão poder de decisão nas urnas nos próximos dias.
Os pais deles são um brasileiro e uma norte-americana. Erik Mesquita, 38 anos, nasceu em Nova York e vive em São Paulo há 18 anos. Vanessa Mesquita, 35 anos, nasceu em São Paulo e vive em Houston (EUA) há oito anos.
Erik Mesquita veio para o Brasil pela primeira vez aos 2 anos, onde permaneceu até os 12. Depois, entre idas e vindas entre os dois países, passou a morar a partir dos 20 anos em São Paulo, onde passou a trabalhar e criar gosto principalmente pelo Corinthians.
Hoje, aos 38 anos, o professor já tem candidatos definidos em ambas as eleições. Acompanha de perto a campanha norte-americana via internet e também pela TV.
Além do primeiro e segundo turnos no Brasil, Erik também votará para presidente dos Estados Unidos no próximo dia 4 de novembro, em pleito que tem o republicano John McCain e o democrata Barack Obama.
"Em São Paulo, e no Brasil, é realmente o eleitor quem decide, por voto popular, quem governará a cidade. Nos Estados Unidos, apesar de a população ir às urnas, não é exatamente o povo quem elege o presidente, mas sim o colégio eleitoral de cada Estado", diz.
"Por esse aspecto, em São Paulo, dá uma sensação maior de poder de decisão para o eleitor", afirma o corintiano apostólico americano.
E exatamente por este ponto que Mesquita vê uma diferença grande nas campanhas de Kassab e Marta e de Obama e McCain.
"Pelo fato de no Brasil o voto popular realmente decidir o resultado a favor de um certo candidato, os recursos da campanha podem ser melhor direcionados. Nos Estados Unidos, além de convencer a população, é necessário convencer o Colégio Eleitoral também. Então, o candidato acaba indiretamente fazendo duas campanhas, uma para o povo, e outra para os colégios eleitorais de cada Estado", afirma.
Vanessa Mesquita, de 35 anos, que hoje mora em Houston e há oito anos está nos Estados Unidos, não precisa votar nas eleições para prefeito, mas votará na presidencial americana. Pela lei eleitoral no Brasil, para o brasileiro que mora fora do país, o voto só é obrigatório nas eleições presidenciais. Nos EUA, o voto não é obrigatório.
"Claro que votar em uma cidade como São Paulo ou um país como os Estados Unidos tem um peso maior de responsabilidade, afinal de contas o que acontece em São Paulo afeta o Brasil como um todo", afirma ela.
"Mas nos Estados Unidos o seu voto determina o que acontece no país e em todo o planeta, como estamos vendo nesta época de crise financeira mundial", lembra ela.
Trocando as bolas
Em um exercício de ficção, o G1 perguntou a ambos se achavam se Obama ou McCain daria um bom prefeito para São Paulo.
Primeiro, a brasileira que mora nos Estados Unidos: "Sim e não. (Obama e McCain) não conhecem o jeitinho brasileiro de fazer as coisas", diz ela, rindo. "Acho que num todo seriam bons para São Paulo, afinal são ótimos senadores de cidades importantes de um país importante. Portanto ambos têm experiência".
Erik vê Obama como um bom prefeito para a capital paulista. "Obama, pela sua imagem de passado pobre, que conseguiu subir na vida, teria uma boa conexão com o povo de São Paulo, o que ajudaria a administrar uma cidade complexa como São Paulo", diz.
Para Vanessa, "considerando o histórico dos políticos no Brasil diria que precisariam aprender que há consequências, não tem jeitinho brasileiro, eles teriam que tomar responsabilidades pelos seus atos, algo que infelizmente no Brasil não acontece, dos vários exemplos que temos".
Para Erik, o candidato precida "se identificar com o povo, sem ter muito aquela imagem de gerenciador de recursos. "Acredito que Kassab, pela imagem de gerenciador de recursos que tem, seria um bom candidato à Presidência dos Estados Unidos", diz. Voto eletrônico x voto de papel
Por conhecerem e ainda utilizarem os meios de votação (papel e eletrônico) em prática, Mesquita vê a eleição brasileira como muito mais ligeira e inteligente.
"Certamente acho mais fácil a eleição via eletrônica, porque agiliza o processo da escolha de um candidato. Outro aspecto onde o Brasil está à frente. Só como exemplo, apesar de 24 Estados nos Estados Unidos já possuírem urnas eletrônicas, espera-se que apenas 36% da população no país vote por meio eletrônico", lembrou ele.
Vanessa vê problemas em ambos os sistemas. "Há problemas com os dois. Papéis são perdidos com facilidade. Aqui, há 15 anos usam urnas eletrônicas. Mas em toda eleição há problemas: votos que não foram processados ou processados para o candidato que não foi o da sua escolha. Na última eleição, por exemplo, se a pessoa não perfurou corretamente o número de seu candidato o computador não lia o número todo, dando assim o caos que deu", lembra ela.
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