Na Califórnia, berço da indústria dos computadores, a maioria dos eleitores ainda usará papel e caneta para votar na eleição do dia 4. Enquanto isso, em lugares remotos, como a Amazônia e o Himalaia, eleitores brasileiros e indianos já estão habituados às urnas eletrônicas.
Em 2000, problemas na perfuração de cédulas da Flórida atrasaram em 35 dias o polêmico resultado da eleição que levou George W. Bush à Casa Branca. Para efeito de comparação, na última eleição presidencial brasileira, em 2006, os 130 milhões de votos foram apurados em cerca de 150 minutos.
Embora as eleições norte-americanas ainda pareçam incrivelmente atrasadas, especialistas dizem que desta vez o sistema será mais seguro e confiável do que em 2000 e 2004.
"Retiramos as cédulas perfuráveis, que se mostraram um jeito ruim de votar", disse Charles Stewart, chefe do departamento de Ciência Política do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e membro do Projeto de Tecnologia Eleitoral Caltech/MIT.
"Estamos também a ponto de aposentar as máquinas mecânicas com alavancas, que tampouco são uma forma muito boa de votar. Os eleitores que usam essas duas tecnologias eram 40 a 50 por cento do eleitorado em 2000", disse. Nos EUA, ao contrário do Brasil, não existe um sistema único de votação --cada Estado ou condado define o seu.
A bagunça com as cédulas perfuráveis em 2000 provocou uma corrida para as urnas eletrônicas, mas problemas técnicos e de segurança em 2004 afetaram a reputação dessa nova tecnologia.
Alguns Estados e condados reajustaram seus sistemas eletrônicos, e neste ano condados de 24 Estados usarão urnas eletrônicas ou máquinas com alavancas. Outros, porém, desistiram da eletrônica e voltaram ao papel.
A empresa Diebold -que tem contrato para fornecer as urnas eletrônicas brasileiras- é muito criticada pela tecnologia empregada nos EUA.
No Brasil, a experiência com urnas eletrônicas começou nas eleições municipais de 1996, e nos pleitos seguintes as cédulas de papel foram gradualmente sendo eliminadas. Nos próximos 5 a 10 anos, Tribunal Superior Eleitoral pretende adotar recursos para o reconhecimento facial dos eleitores, para diminuir fraudes e eliminar ao máximo a intervenção humana.
"Tínhamos um processo eleitoral demorado e fraudulento, totalmente não-confiável, e essa foi a principal motivação para o nosso grande investimento nesta área", disse Giuseppe Janino, diretor de tecnologia do TSE.
O Brasil costuma ceder urnas eletrônicas e seu conhecimento a outros países, mas não pretende vender as máquinas. E os EUA, segundo Janino, não pediram ajuda ao Brasil.
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