O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, cobrou nesta segunda-feira uma maior pressão da comunidade internacional para que a crise em Honduras seja solucionada.

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O chanceler criticou o governo de facto, que deu no domingo um ultimato de 10 dias ao Brasil para decidir o que fazer com o presidente deposto, Manuel Zelaya, ameaçando fechar a embaixada brasileira. Zelaya foi abrigado na representação com um grupo de aliados depois que voltou a Tegucigalpa há uma semana.

O governo de facto de Honduras também recusou no domingo a entrada de uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) no país. Nesta segunda-feira, porém, convidou uma missão da organização para visitar a nação centro-americana em 7 de outubro.

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"Os dois fatos são graves porque demonstram um quase estado de surdez das autoridades em relação ao que tem dito a comunidade internacional", afirmou Amorim a jornalistas, comentando que o governo de facto de Honduras se nega a dialogar e desrespeita o direito internacional.

O Brasil enviou ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) uma segunda carta reclamando do ultimato e das ameaças do governo liderado por Roberto Micheletti.

Segundo o documento, decisões tomadas pelo governo de facto nas últimas 48 horas agravaram a situação do país. A carta do Itamaraty também cita o desrespeito de direitos civis constitucionais e o fechamento de organizações de mídia.

"A verdade é que não receber uma missão ainda que precursora da OEA foi uma verdadeira bofetada na comunidade internacional", comentou o chanceler.

Amorim conversou nesta segunda-feira sobre o tema com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza, e a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.

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"Talvez um envolvimento maior das Nações Unidas, que têm mais poder de ação, seria uma medida imediata, teria possivelmente um efeito positivo."

O chanceler revelou que a demanda não tem como objetivo "diminuir o papel da OEA."

"A missão da ONU não pode ir para desautorizar a da OEA. Ela tem que ir para fortalecer a da OEA, cuja capacidade de ação é limitada", ponderou.

Para ele, a iniciativa poderia abrir caminho para um fim à crise.

"Nós queremos, a despeito da nossa visão da ilegitimidade das pessoas que estão lá, que seja encontrada uma solução negociada que permita que haja eleições. Eleições naturalmente conduzidas pelo presidente legítimo", sublinhou.

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Amorim disse que não conversou com Hillary Clinton sobre as declarações do representante dos EUA na OEA, Lewis Anselem, que criticou Zelaya por seu retorno "irresponsável e tolo" ao país antes que fosse fechado um acordo para a crise política.

"A conversa foi tão boa e tão marcada por uma sintonia de ponto de vista que eu não achei necessário fazer nenhuma referência a nenhum outro pronunciamento", disse.

Guardião

Amorim alegou que seria muito fácil para o país simplesmente retirar os diplomatas e o oficial de chancelaria que se encontram na embaixada em Tegucigalpa a fim de terminar com o problema de segurança desse pessoal. Mas ele assegurou que o Brasil não tomará essa atitude.

"Primeiro, seria um gesto de covardia. Segundo, um gesto que diz respeito à própria democracia e um incentivo a outros golpes no continente, coisa que nós não podemos fazer", declarou.

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Por isso, disse, o Brasil considera que deve continuar dando proteção a um presidente eleito democraticamente, independentemente de suas tendências políticas.

"Essa é uma situação que o Brasil não criou, mas o Brasil praticamente virou guardião de um presidente democrático e legítimo de um país."

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