O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse quinta (30) que uma reunião do Conselho de Defesa Sul-americano deveria ser convocada para discutir as tensões entre Venezuela e Colômbia e também o motivo do desentendimento, sobre um acordo militar, que está sendo fechado entre a Colômbia e os Estados Unidos. O conselho é formado pelos países que integram a União da Nações Sul-americanas (Unasul).
Não seria descabido ter uma reunião do conselho da Unasul, aliás por que isso contribuiria para uma maior transparência e espero que também pudesse contribuir para tranquilizar os ânimos, disse Amorim, acrescentando ter feito essa sugestão ao governo colombiano.
Amorim disse que o governo brasileiro pediu ao embaixador do Brasil em Washington, Antonio de Aguiar Patriota, que obtenha informações do governo americano em relação ao acordo militar e disse também ter recebido informações da Colômbia sobre a presença de bases norte-americanos no território do país.
Segundo ele, as informações recebidas são no sentido de que as bases continuarão sob a administração da Colômbia e de que o número de efetivos não é maior do que já existe hoje no Plano Colômbia.
De qualquer maneira, sempre é algo que desperta alguma preocupação, porque vivemos em um continente pacífico e a presença de bases de países de fora do Continente Sul-americano sempre é algo que gostaríamos de entender melhor, afirmou Amorim após ter pedido, ontem, mais transparência nas negociações do acordo militar.
As declarações de Amorim foram feita ao lado do ministro de Assuntos Exteriores e Cooperação da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, que disse ser preciso evitar uma militarização na América Latina.
Esperamos que isso se dê de forma a não criar mais tensões e, sobretudo, evitar uma militarização na América Latina, que seguramente não parece ser a melhor resposta aos problemas de fundo que existem na região, afirmou Moratinos, que antes de vir ao Brasil esteve com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
Ontem, Chávez telefonou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e, segundo Amorim, Lula reconheceu as preocupações venezuelanas, mas insistiu para que os desentendimentos sejam resolvidos pelo diálogo entre os dirigentes da Venezuela e da Colômbia.
Na última terça (28) o presidente venezuelano ordenou a retirada do embaixador da Venezuela na Colômbia e de todos os altos funcionários da embaixada e anunciou o congelamento das relações entre as duas nações. A decisão foi anunciada logo após declarações do presidente colombiano, Alvaro Uribe, sobre a suposta venda de armas por parte da Venezuela para guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).