Os países da África Meridional devem intervir de forma mais decisiva para encerrar a crise político-econômica do Zimbábue, disseram o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e outras personalidades mundiais nesta segunda-feira (24).
Descrevendo o Zimbábue como próximo do desastre humanitário, Annan conclamou a Comunidade do Desenvolvimento da África Meridional (SADC, na sigla em inglês) a pressionar o presidente Robert Mugabe e o MDC, principal partido da oposição, para que superem o impasse na formação de um governo de unidade nacional.
"A SADC deve fazer valer todo o seu peso", disse Annan, ao lado do ex-presidente norte-americano Jimmy Carter e da ativista moçambicana Graça Machel, mulher de Nelson Mandela.
"Acho que está claro que a SADC deveria ter feito mais."
Annan, Carter e Machel, parte de um grupo chamado de "Os Anciões", foram barrados no fim de semana no Zimbábue. O governo de Mugabe rejeitou os vistos alegando que a visita humanitária que eles pretendiam realizar era desnecessária.
A crônica escassez de alimentos, a hiperinflação e a crise econômica levam milhões de zimbabuanos a deixarem o país. Uma epidemia de cólera já matou quase 300 pessoas, levando outras centenas a se refugiarem na África do Sul.
Mugabe e o MDC devem retomar na terça-feira na África do Sul a negociação em torno da distribuição dos principais ministérios no eventual governo de coalizão.
Recuando das ameaças prévias de um boicote, um porta-voz da oposição disse que o MDC participará para ser "consistente com o dever e a obrigação de representar o povo".
Machel elogiou o governo sul-africano por reter cerca de 28 milhões de dólares em ajuda alimentar que seria enviada ao Zimbábue, como forma de pressionar os envolvidos.
"Esse é um bom tom. Talvez outras nações da SADC devessem considerar fazer o mesmo", afirmou.
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