Moscou O coronel da Aeronáutica Marcos César Pontes passou suas últimas horas na Terra antes da viagem à Estação Espacial Internacional (EEI) como manda a tradição dos cosmonautas russos: dormindo. O descanso foi mais do que merecido. Somente ontem a Comissão Estatal de Vôos Espaciais da Rússia, última instância da missão, autorizou Pontes a ocupar o terceiro assento na nave Soyuz TMA-8.
Na sua última tarde na Terra antes da viagem, Pontes, assim como seus companheiros, pôde ver a família e uma delegação brasileira nas alamedas de um parque arborizado, em torno do hotel onde está hospedado. O bosque, à margem do Rio Amu-Daria, tem várias árvores plantadas pelos astronautas soviéticos e russos. A mais antiga e frondosa foi plantada em abril de 1961 por Yuri Gagarin, que pouco depois se tornaria o primeiro homem a viajar pelo espaço.
Seguindo a tradição, antes de dormir, Pontes viu com seus companheiros o filme soviético "O sol branco do deserto", um divertido "eastern", paródia dos filmes do Velho Oeste ambientadas no cenário da guerra civil na Rússia, no início do século passado.
Pouco antes da meia-noite local, oito horas antes do lançamento, a equipe tomou café da manhã e preparou suas bagagens, que no caso de Marcos Pontes estará cheia de simbolismos. Além de uma bandeira brasileira, ele levou uma estampa de Jesus Cristo e uma camiseta com o rosto de Gagarin. Também estava na bagagem um uniforme de treino da seleção brasileira, uma pequena bola verde e amarela e uma réplica do chapéu usado por Santos Dumont no seu primeiro vôo, em 1906.
Em seguida, os cosmonautas alternaram tradições e rotina. Era a hora da última revisão médica, conversas com técnicos do programa, ajustes dos trajes espaciais e outros procedimentos referentes à decolagem.
