O bloco de centro-esquerda que há duas décadas governa o Chile luta para se manter no poder com o possível apoio de um candidato independente derrotado no primeiro turno, embora isso possa chegar tarde demais, quando falta menos de uma semana para a votação decisiva entre o ex-presidente Eduardo Frei e o milionário Sebastián Piñera, favorito nas pesquisas.

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Apesar do desgaste natural da chamada Concertación e das divisões internas da coalizão, a presidente Michelle Bachelet chega ao fim de seu mandato com um recorde de aprovação popular, o que não conseguiu transferir a Frei.

Na campanha para o segundo turno, no domingo, tanto Frei quanto Piñera disputam o apoio dado no primeiro turno a Marco Enríquez-Ominami, político egresso da Concertación que teve 20 por cento dos votos.

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Piñera venceu a primeira rodada de votação, com 44 por cento e Frei teve pouco menos de 30.

Enríquez-Ominami declara enfaticamente que não votará em Piñera, mas não manifestou apoio a Frei, a quem criticou durante uma campanha na qual pregou a renovação das velhas lideranças da Concertación.

Na última semana, a coalizão de centro-esquerda fez acenos a Enríquez-Ominami, inclusive prometendo incorporar propostas do ex-candidato. Dois dos quatro chefes dos partidos da Concertación renunciaram para tentar facilitar um acordo.

"Estão desesperados. Pela primeira vez em 20 anos estão perto de perder o poder", disse Daniel Kerner, analista da consultoria Eurasia Group.

A Concertación venceu todas as eleições presidenciais no Chile desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990. Analistas dizem que desta vez o cenário é mais complexo, mesmo que a coalizão atraia o apoio de Enríquez-Ominami.

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"Não sei se importa muito (...). Acho que não está muito claro qual relevância tem um apoio público do candidato Ominami junto àqueles que votaram nele", disse Robert Funk, analista e professor de Ciências Políticas da Universidade do Chile, para quem uma nova vitória da Concertación será "um pouco difícil."Frei, que foi presidente de 1994 a 2000, promete manter os programas sociais do governo Bachelet, inclusive ampliando-os para a classe média. Piñera propõe mais incentivo à iniciativa privada, com a meta de criar 1 milhão de empregos.