Londres - O criador do WikiLeaks, Julian Assange, foi solto em Londres pouco antes das 18 h (16 h em Brasília) de ontem, após pagar a fiança de 200 mil libras (cerca de R$ 530 mil). "É ótimo sentir o cheiro de ar fresco de Londres de novo", disse Assange, em suas primeiras palavras públicas após a libertação. A libertação de Assange, porém, foi decretada mais cedo, quando a Alta Corte do Reino Unido rejeitou a apelação apresentada pela Promotoria da Coroa do Reino Unido e confirmou a liberdade condicional decretada dois dias antes ao fundador do WikiLeaks.
Em breve comunicado à imprensa, do lado de fora da corte, Assange agradeceu a todos "que tiveram fé em mim e que foram meus apoiadores enquanto eu não estava".
O fundador do WikiLeaks também agradeceu seus advogados "por uma luta corajosa e, no fim, bem-sucedida" e às pessoas que pagaram por sua fiança de 200 mil libras, em dinheiro, mais duas garantias de 20 mil libras relativas à sua segurança. Agradeceu ainda aos membros da imprensa que "não aceitam a versão oficial e consideraram olhar mais fundo em seu trabalho".
Prisão
Assange, que alega inocência nos casos de estupro e assédio sexual, fez ainda um agradecimento à Justiça britânica. "Se a justiça não é sempre o resultado, ela ainda não está morta."
O WikiLeaks é um site conhecido por divulgar documentos sigilosos. Embora no ar há alguns anos, ele ganhou destaque internacional neste ano, ao levar a público 77 mil documentos da inteligência americana sobre o Iraque e, nas últimas semanas, mais de 250 mil documentos secretos do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
O criador do site ficou detido por nove dias na prisão londrina de Wandsworth. Ontem o juiz Duncan Ouseley, da Alta Corte britânica, rejeitou o recurso apresentado pela Promotoria da Coroa do Reino Unido e confirmou a concessão de liberdade condicional a Assange.
Veredicto
A decisão de ontem concedeu liberdade provisória a Assange enquanto aguarda um veredicto da Justiça britânica sobre sua potencial extradição à Suécia, país em que enfrenta acusações de assédio sexual e estupro.
Ainda ontem o jornal New York Times indicou que o governo americano busca provas para acusar Assange de conspiração. Altos funcionários do Departamento de Justiça estão tentando determinar se Assange encorajou ou ajudou o soldado Bradley Manning a extrair do sistema de computadores do governo material militar classificado e arquivos do Departamento de Estado, disse ontem o jornal.
Acompanhe e entenda os últimos documentos divulgados pelo WikiLeaks:
Ucrânia
- Deputado ucraniano relatou que sob a premiê Yulia Tymoshenko, hoje líder opositora, cerca de 70% do gasto público era feito sem quaisquer justificativas legais. Além disso, até um quarto dos recursos alocados em contratos públicos foram desviados no ano passado. Tymoshenko é hoje investigada por corrupção.
Tailândia
- Três autoridades da política tailandesa relatam reservas quanto à possibilidade de o príncipe Maha Vajiralongkorn herdar a coroa. O príncipe é tido como "mulherengo e sem condições de ser rei, e a princesa Sirindhorn é tida como "melhor opção. O atual monarca, Bhumibol, tem 83 anos.
Venezuela
- Os EUA temeram uma intervenção militar venezuelana em Cuba no caso de a eventual morte do ex-ditador Fidel Castro provocar uma convulsão social. A embaixada americana chegou a recomendar o Departamento de Estado a advertir Caracas para que não recorresse a uma tal ação.
Cuba
- De acordo com documentos revelados pelo site WikiLeaks, Fidel Castro quase morreu em 2006. Fontes do governo norte-americano dizem que o antigo chefe de estado cubano ficou em estado crítico depois de ter perfurado os intestinos durante um voo.