Da esquerda para a direita, Amorim, Lula, o ministro de Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o premiê turco, Tayyip Erdogan: comemoração de acordo questionado por potências nucleares| Foto: Atta Kenare/AFP

Repercussão

Comunidade internacional se mostra cautelosa

Agência Estado

O acordo para troca de combustível com o Irã, firmado após conversas entre o presidente Lula, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, foi recebido com cautela pela comunidade internacional.

Para a diretora do escritório de Relações Exteriores da União Europeia (UE), Baroness Ashton, trata-se de "um movimento na direção correta, mas não responde a todas as preocupações levantadas sobre o programa nuclear do Irã".

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, afirmou que o acordo "não resolve o problema fundamental, que são as sérias suspeitas que a comunidade internacional tem sobre as intenções pacíficas do programa nuclear do Irã."

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) quer uma "notificação por escrito" de Teerã sobre o acordo por escrito. "Estamos agora esperando uma notificação por escrito do Irã de que concorda com as relevantes cláusulas incluídas na declaração", afirmou Tudor.

O Reino Unido repetiu a afirmação do secretário-geral da ONU. "O Irã tem a obrigação de garantir à comunidade internacional suas intenções pacíficas", disse o alto funcionário da chancelaria britânica, Alistair Burt.

Já o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, defendeu o acordo. "Precisamos fazer consultas com todos os lados, incluindo o Irã e então determinar o que fazer em seguida."

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Entenda o acordo nuclear entre Irã e Turquia mediado pelo Brasil
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O acordo nuclear anunciado on­­tem por Brasil, Turquia e Irã não bastou para convencer os EUA das intenções pacíficas do programa atômico iraniano. A Casa Branca afirmou que seguirá pressionando por novas sanções do Conselho de Segurança da ONU a Teerã.

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"Dadas as repetidas vezes em que o Irã falhou em cumprir suas promessas e a necessidade de lidar com questões fundamentais relacionadas ao programa nuclear iraniano, os EUA e a comunidade internacional continuam a ter sé­­rias preocupações’’, afirmou Ro­­bert Gibbs, porta-voz da Casa Bran­­ca, ecoando reações semelhantes de outros membros permanentes do conselho.

Para o governo americano, o en­­tendimento anunciado ontem é "vago sobre a disposição do Irã de se reunir com os países do P5 + 1 [EUA, Reino U nido, França, Rús­­sia, China e Alemanha] para lidar com as preocupações internacionais acerca de seu programa nu­­clear’’.

No acordo mediado pelos go­­vernos brasileiro e turco, o Irã se comprometeu a entregar seu estoque de urânio pouco enriquecido para a Turquia no prazo de um mês após a aceitação do trato pela AIEA (agência atômica da ONU).

O documento foi assinado on­­tem em Teerã na presença dos pre­­sidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Mahmoud Ahmadinejad e do pre­­miê turco, Recep Tayyip Erdogan.

O acordo tem como base a proposta apresentada pela AIEA em outubro, que prevê o envio de 1.200 quilos de urânio do Irã para o exterior em troca do elemento enriquecido em nível adequado para abastecer um reator nuclear de Teerã usado em pesquisa médica.

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Mas o texto assinado ontem inclui alterações significativas que levaram o Irã a aceitá-lo. A principal mudança é que a Tur­­quia, e não a França ou a Rússia, seja de­­positária do urânio iraniano.

Enriquecimento continua

O acordo deixa no ar alguns pontos obscuros. Não está clara, por exemplo, qual a quantidade real de estoque de urânio de Teer㠖 não se sabe se 1.200 quilos representam dois terços do estoque total, como era estimado em ou­­tubro, ou pouco mais de metade.

O texto também não impede que o Irã continue enriquecendo o resto do estoque – ontem mesmo um porta-voz da Chancelaria iraniana anunciou que o país seguirá enriquecendo urânio a 20% dentro do país. Esse anúncio foi citado pelos EUA como um mo­­­­tivo para desconfiar da eficácia do acordo Bra­­sil/Turquia/Irã.

Visão do Brasil

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As preocupações americanas não encontram eco na diplomacia bra­­­­sileira. "Aquelas garantias que [as potências ocidentais] desejam para poder começar uma conversação séria e para deixar de lado o caminho das sanções estão totalmente preenchidas’’, disse o chan­­celer Celso Amorim, afirmando que o acordo serve para "criar con­­fiança".

A mesma posição foi defendida por Ahmadinejad. "É hora de iniciar diálogo com o Irã com base na honestidade, justiça e respeito mútuo.’’

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Interatividade

O acordo firmado pelo Irã é suficiente para suspender as propostas de sanções ao país islâmico?

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